Morte e Magia no Cemitério do Peixe

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De 04 a 07 de Junho o Cemitério do Peixe sediará um importante seminário que vai debater questões culturais, sociais, históricas e patrimoniais deste local, um “despovoado” de Capitão Felizardo, no Distrito de Costa Sena, em Conceição do Mato Dentro. Conhecido como “Cidade Fantasma”, o vilarejo é palco de um dos apenas dois Jubileus para as almas realizados no mundo e guarda ali elementos centenários da fé de um povo que não abre mão de seus costumes.

Morte e Magia nas Artes Visuais é o nome desta que é uma iniciativa do artista e antropólogo Francilins. Ele, que vem aproximando sua relação com o Cemitério do Peixe há alguns anos, diz que o evento “é uma comunhão da sociedade artística com a comunidade do Peixe”. Ele explica que o movimento artístico ali instalado desde o dia 11 de maio está compondo um registro inspirado na atmosfera do local, apropriando-se dos mais variados elementos que compõem o significado e a significância do vilarejo.

Morte e Magia no Cemitério do Peixe – Foto: Divulgação / PMCD

Das pedras argilosas ali encontradas, o artista plástico Elton Hipólito de São Paulo rascunha em papel suas primeiras experiências no Peixe. Os pigmentos, diferenciados dos materiais que ele costuma usar, vão colorindo a sua arte e a sua alma, cada vez mais sensível àquele lugar. Já Kárita Gonzaga, também artista plástica de Uberlândia, utiliza-se dos crisântemos para ilustrar a relação entre a vida e a morte. Ela, que confeccionou um vestido com as flores brancas, veste e fotografa diariamente a peça com a pretensão de registrar a passagem do tempo. “Me interessa o seu significado (das flores) simbólico explicitando a degradação da matéria, como símbolo da efemeridade e finitude perdendo as pétalas, murchando, definhando”, explicou a artista.

Durante o seminário, haverá exposições das artes desenvolvidas no período da residência artística, onde a sensibilidade aflora e os talentos são potencializados, conforme descreveu o participante Rodrigo Marques.

O evento tem o apoio da Prefeitura Municipal através da Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico. Para a secretária Julia Santana, este será um momento de “importantes reflexões acerca deste que é dos mais emblemáticos patrimônios do município, sobre o qual vem sendo realizados levantamentos e pesquisas de sua história, das tradições e dos saberes de seu povo”.

Jubileu

O Jubileu de São Miguel e Almas é realizado anualmente no mês de agosto, reunindo milhares de fiéis no Cemitério do Peixe. Iniciada na quinta-feira, a festa tem seu ápice no sábado e no domingo, quando ocorrem missas, procissões, pagamento de promessas, confissões, levantamento do mastro, oferendas aos mortos e queima de fogos.

No mundo todo, só há mais um Jubileu em devoção às almas que acontece na Romênia. Acesse www.cemiteriodopeixe.com.br e saiba mais sobre o projeto. (Loriane Fogaça)

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