Prefeito de Montes Claros fala em ser governador, mas admite já ter desviado dinheiro

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Um político com ambições, que exalta os próprios feitos dos mandatos e que sonha em ser governador de Minas Gerais e, segundo ele, até presidente da República. Este é o prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz (PRB), que esbanjou sinceridade e deixou a modéstia de lado ao comentar seu desempenho à frente da administração municipal, mas escorregou ao confessar que já liderou um esquema na década de 1980 que desviou dinheiro para tentar fraudar eleições no Norte do estado.

Segundo o político, na próxima oportunidade que tiver, sairá como candidato ao cargo máximo de Minas, independente da vontade do partido. “Não é o partido que determina o que a gente quer. Sou um gestor capaz, competente, preparado. Sou ótimo em administração, na iniciativa privada e no público. Sei administrar, sei conversar, sou firme. Tenho condições de colaborar”, garantiu.

Ruy Muniz, prefeito de Montes Claros – Fábio Marçal / Site da Prefeitura de Montes Claros

Apesar da empolgação, Ruy Muniz não disse em que ano sairá como candidato ao governo do estado. “Vou ser governador de Minas Gerais em breve. Primeiro, quero fazer minha gestão nota dez, como estou fazendo aqui em Montes Claros, para deslanchar. Vou tentar a reeleição no ano que vem e vou me candidatar em 2018, 2022…”, afirmou.

Mas o próprio prefeito depôs contra o autoelogio ao relembrar um fato ocorrido na década de 1980, quando foi preso por desviar dinheiro público para tentar alimentar campanhas eleitorais em várias partes do Brasil, incluindo o Norte de Minas.

“Errei no passado, quando eu era do movimento estudantil, era de esquerda. Quando o pessoal do Sarney, que era o presidente da República, criou o plano Cruzado e enganou toda a população, na época o MDB ganhou a eleição em todo o país e perdeu só no Rio de Janeiro. Nessa época, nós do movimento estudantil fizemos operações contra o governo no Nordeste, no Rio Grande do Sul, na Bahia e aqui em Minas. Fui o líder em uma dessas operações contra o Banco do Brasil. Fomos condenados, cumprimos pena de 14 meses”, confessou.

“Foi uma operação em que desviamos dinheiro do Banco do Brasil para aplicar nas eleições seguintes que elegiam prefeitos e vereadores no Norte de Minas. Infelizmente, não deu certo. Aliás, felizmente não deu certo. Vimos que a forma correta não era de fraudar o sistema e sim ganhar dentro das regras”, completou.

Mesmo com a declaração mais do que sincera, Ruy Muniz avisou que está arrependido e que aprendeu com o erro, o que o faz sonhar alto. “Hoje, sou prefeito, mas serei governador e, quem sabe, presidente da República”, assegurou.

Prefeito é investigado

Em janeiro, o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) acatou denúncias do Ministério Público Eleitoral (MPE) e vai investigar o prefeito Ruy Muniz, que está sendo acusado de abuso de poder político e uso da estrutura da administração do município para beneficiar a campanha da esposa, a deputada estadual eleita na eleição passada, Raquel Muniz (PSC).

A denúncia ainda atinge outros três servidores municipais da cidade. Além da cassação, o MPE pede a inelegibilidade dos envolvidos pelo prazo de oito anos.

Ouça a reportagem completa da Rádio Itatiaia:

(Fonte: Rádio Itatiaia)

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