Jovem pode ter causado prejuízo de R$ 1 milhão para a Caixa. Ele também é investigado por roubar e extorquir empresário.
Josimar Gomes, de 27 anos, se apresenta em uma rede social como sócio de uma empresa de informática em Corinto (MG). Ele aparece em passeios que fez pelo Brasil e pelo exterior, além de fotografar alguns presentes que diz ter comprado para si mesmo, um carro, um celular e uma moto. Mas as postagens exibidas na internet não condizem com o emprego de quem prestava com serviços de informática, é o que afirma a polícia. Josimar foi preso nesta quinta-feira (9), na operação “Avalanche”.
“Temos notícias de que ele desenvolvia algumas atividades que não trariam uma condição financeira para que ele trabalhasse dois dias e viajasse os outros 28, como fazia. Ele ia para o Uruguai, Argentina, Paraguai, frequentava cassinos, hotéis, bares, ia para o Rio de Janeiro, para Búzios, Cabo Frio, viajava sempre de avião, ostentava fotos em carros e coberturas”, revela o delegado da Polícia Civil, Vítor Amaro.
Josimar Gomes, de 27 anos, foi preso em Corinto – (Foto: Reprodução / Facebook)
Josimar Gomes é alvo de investigações das Polícias Civil e Federal, por diversos crimes, entre eles falsidade ideológica, falsidade documental, contrafação documental, uso de documento falso, estelionato, extorsão qualificada, porte de arma de fogo.
“Ele tem a mente artificiosa e conduz as pessoas para onde quer, é extremamente articulado com as palavras e acumulou conhecimento em várias áreas, para que pudesse ter subsídio para aplicar qualquer tipo de golpe”, é assim que o delegado Vítor Amaro define o suspeito.
Além do mandado de prisão, foram cumpridas três ordens judiciais de busca e apreensão na casa do suspeito, da sogra e dos pais dele. Entre os diversos materiais apreendidos, os que mais chamaram a atenção do delegado foram dois distintivos da Polícia Civil, utilizados por Josimar Gomes para se passar por perito e detetive, e computadores, que armazenavam centenas de documentos falsos e programas para a manipulação de comprovantes de residência e RGs.
Prejuízo de R$ 1 milhão
As investigações apontam que em 2014 ele conseguiu sacar mais de R$ 1 milhão da Caixa Econômica. Com a ajuda de um estagiário da agência da cidade, na época com 15 anos, ele conseguiu descobrir a senha de uma funcionária, que trabalhava no banco há mais de 10 anos. Segundo a PC, por meio deste acesso, ele conseguia aprovar cadastros feitos com documentos falsos, posteriormente, os cartões bancários, com crédito de programas do Governo Federal, eram emitidos e o dinheiro era sacado.
“Os golpes ao patrimônio da União atingem valores fora da realidade de uma cidade tão pequena quanto Corinto [23 mil habitantes], aliás, a gente não sabia que tínhamos pessoas com esse tipo de inteligência e sagacidade ou disponibilidade para cometer esse tipo de crime”, destaca o delegado Vítor Amaro.
Josimar combinou de dar uma moto para o menor, como os pais do adolescente sabiam que ele recebia meio salário mínimo, o suspeito contratou uma empresa e forjou uma promoção, como se o jovem tivesse ganhado uma motocicleta, após fazer uma compra pela internet.
Em uma página no Facebook ele diz que as pessoas incomodam com seu sucesso (Foto: Reprodução)
Deep web
De acordo com a polícia, além de falsificar os documentos para uso próprio, Josimar ainda os comercializava por uma rede social. Muitas das informações e dos programas utilizados por ele era retirados da deep web, também conhecida por “web profunda” ou “web invisível”, um espaço da internet que não é acessado pelo usuário convencional e cujo conteúdo não aparece em sites de busca.
“Ele criava contas fantasmas em nomes de terceiros e ia subtraindo o dinheiro. Em um computador dele encontramos contas com nome, RG, CPF, senha, certificação digital, todos os dados para as exigências que o banco tinha em relação à segurança. Além disso, ele tinha acesso a sistemas de específicos, como do Serasa e SPC”, fala o delegado.
No decorrer das investigações, todo o dinheiro que o suspeito conseguiu irregularmente foi bloqueado. Em apenas uma das contas havia 28 depósitos com valores superiores a R$ 100 mil.
Extorsão
Além da investigação relacionada à Caixa Econômica, Josimar também é suspeito de tentar extorquir a família de um empresário da cidade. Segundo a polícia, ele e mais duas pessoas abordaram as vítimas em uma fazenda, trouxeram o comerciante para Corinto e o obrigaram a entregar todo o dinheiro que estava no cofre, R$ 40 mil.
Além disso, os criminosos pegaram os números dos celulares das vítimas e após uma semana, eles telefonaram e exigiram que o empresário depositasse a quantia de R$ 300 mil ou matariam os três filhos dele.
O delegado Vítor Amaro explica que a operação seria realizada na próxima semana, mas teve que ser antecipada.
“A situação saiu do nosso controle, tendo em vista que as vítimas receberam uma ligação na quarta-feira, por volta das 17h, exigindo a quantia que anteriormente já havia sido combinada sob pena de matar os três filhos do empresário. Já tínhamos uma logística preparada, mas, infelizmente para nós, e felizmente para as vítimas, conseguimos nos organizar muito rápido. Caso a operação não fosse feita, possivelmente a integridade física destas vítimas e até a vida poderiam ser afetadas.”
Além de ser reconhecido pelas vítimas, Josimar, que aparece nas imagens do circuito do escritório da empresa das vítimas, foi reconhecido por pessoas ligadas a ele. O suspeito aparece revirando gavetas, ele usa uma luva em uma das mãos, mas deixa o rosto descoberto.
“Mesmo agindo em uma cidade pequena, ele desdenha da capacidade do pode público de investigá-lo e da capacidade das pessoas da cidade de se manifestarem”, fala o delegado.
Desdobramento e punições
O delegado Vítor Amaro esclarece que, no decorrer das investigações, outros crimes podem ser identificados, já que o material apreendido foi analisado apenas de forma superficial.
“Obtivemos sucesso e é só o começo, é apenas uma pessoa, que pode nos levar a uma dezena de pessoas, mas acredito que a figura mais importante no núcleo está sob nossa custódia”, finaliza.
Delegado diz que outras pessoas podem ser presas durante as investigações (Foto: Michelly Oda / G1)
Materiais apreendidos pela Polícia Civil com Josimar (Foto: Michelly Oda / G1)
(Fonte: Inter TV Grande Minas / G1)