Mineiro cria rede social para aproximar doadores e receptores de medula óssea

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Gabriel Massote Pereira e seus amigos perceberam como era difícil o engajamento das pessoas em prol da doação de sangue

Foram quatro anos de luta contra a leucemia. Após a descoberta repentina da doença, o mineiro Gabriel Massote Pereira, de 30 anos, teve que mudar a rotina, ter esperança e buscar uma solução. Na trajetória, ele se deparou com a falta de doadores, problemas com o plano de saúde, ações judiciais, ausência de resposta ao tratamento e até teve que adiar o casamento na igreja e se contentar com uma festa simbólica no hospital. O caminho foi longo, mas hoje ele estampa o sorriso da cura ao lado de um projeto inédito capaz de salvar outras vidas, a rede social “Salve Mais Um“.

Massote contou que, mesmo tendo conseguido fazer o transplante de medula óssea no ano passado, a cura da doença foi conquistada lentamente. “O transplante ficou ‘por um fio’ por muito tempo. A quantidade de células da doadora insistia em cair e as minhas estavam com mutações cada vez mais graves. Qualquer número que não fosse os 100% representaria grande chance da leucemia voltar”, explicou.

No começo deste mês, a dúvida foi sanada. Ele recebeu um documento em que constava que o corpo dele havia sido tomado por 100% das células da doadora. “Foi um alívio imensurável, alcançado após muita luta e múltiplas infusões de células. Ainda é preciso recuperar os índices do sangue, que são muito baixos, mas saber que meu corpo está povoado com as células da minha doadora é uma grande vitória”, ressaltou.

Massote costuma brincar que fez uma “faculdade da doença”. Foram exatos quatro anos desde o diagnóstico, em janeiro de 2011. Ele garante que foram os anos em que mais aprendeu e, surpreendentemente, também os mais felizes. “Enfrentar tantas dificuldades renovou minha fé e me fez enxergar que a positividade era fator crucial para o sucesso do tratamento. Hoje sou uma pessoa melhor e que observa o mundo além de suas próprias prioridades. Sou muito grato pela transformação que a leucemia trouxe para a minha vida”, enfatizou.

Atualmente, ele se define como um ser humano melhor do aquele saudável de anos atrás. Para ele, não há felicidade plena sem fé e solidariedade. “Quando somos positivos, mantemos o bom humor e a fé inabalável e as nossas chances de cura aumentam exponencialmente. É receitinha de bolo: fé, otimismo e bom humor. Acredito muito nisso e acho que sou uma prova que receitas dão certo. Ainda tenho muito a aprender, muito a errar, mas também muito a viver”, destacou.

‘Salve Mais Um’

Ser salvo gerou a necessidade de dizer “muito obrigado”. Gabriel Massote e quatro amigos (Tiago, Gabriel, Carlos e Leandro) criaram uma rede social com o propósito de aproximar definitivamente doador e receptor de sangue e salvar vidas. Mesmo com o pouco tempo no ar, Massote disse que a iniciativa já tem bons resultados, com doações realizadas pelo país.

O grupo percebeu, por meio de pesquisas, como era difícil o engajamento das pessoas em prol da doação de sangue. Em campo, eles verificaram ainda que mais de 90% dos pesquisados doam apenas quando há um amigo, parente ou conhecido precisando. “Ao mesmo tempo, percebemos que existe uma grande mobilização através das redes sociais quando uma pessoa precisa de ajuda. Foi ligar um ponto no outro e o resultado foi o lançamento do ‘Salve Mais Um‘: uma rede social de doação de sangue que faz um link direto entre quem pode doar e quem precisa de sangue”, explicou.

Para participar, basta fazer um cadastro com nome, cidade e tipo sanguíneo. Feito isso, o sistema identifica em quais campanhas de doação de sangue, criadas pelos próprios usuários da rede social, o usuário pode participar.

Um dos fundadores do projeto, Tiago Leite, acrescentou que o “Salve Mais Um” tem uma fanpage no Facebook onde os seguidores podem obter uma imagem personalizada, composta pela própria fotografia com um pequeno balão que indica o tipo sanguíneo. Até o momento, já são mais de 1,6 mil curtidas. “Isso facilita a identificação de doadores na rede. Essa caracterização é a prova de que haverá alguém muito próximo apto a salvar mais uma vida. Esse foi um projeto que parou a minha vida e de todos esses meninos que acreditaram na ideia e fizeram ela acontecer”, concluiu.

(Fonte: Portal G1)

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