Estudo desenvolvido pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), em parceria com as defesas civis municipais e a Estadual, mostra que Minas Gerais tem 24.519 pontos com alto risco de inundação. Os dados constam do Atlas de Vulnerabilidade a Inundações, cujos levantamentos foram feitos entre outubro de 2013 e abril de 2014, analisando enchentes registradas pelas defesas civis e os formulários preenchidos por representantes das cidades atingidas.
Os pontos inundáveis são determinados por fatores como localização geográfica, relevo e clima, bem como a frequência das ocorrências e o impacto que elas causam.
Segundo o engenheiro ambiental da Semad e um dos responsáveis pela elaboração do Atlas, Pedro Engler, esses locais correspondem a 2,5% dos 974 mil corpos d’água (veja o significado ao lado) mapeados em Minas. “A inundação é o extravasamento das águas do canal de drenagem para áreas marginais, quando a enchente atinge uma cota acima do nível máximo da calha principal do rio”, descreve.
Outro fator que contribui na constituição de pontos inundáveis é a presença de grandes aglomerados urbanos próximos, que são mais vulneráveis. “Belo Horizonte e Brumadinho são algumas das cidades que estão entre as que apresentam mais riscos em períodos chuvosos”, completou o engenheiro.
Chuva provoca inundação em Muriaé – Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros
Detalhes
O total de trechos com maior risco de inundação cresceu mais de 1.500% entre 2013 e 2014, de acordo com os dados do Atlas divulgados, nessa quinta-feira (27), no primeiro dia do Seminário de Emergência Ambiental, que termina nesta sexta-feira (28), na capital.
O motivo desse aumento exorbitante foi o uso de uma tecnologia de cálculo diferente da do ano passado que permitiu um detalhamento maior dos pontos e a identificação de corpos d’água menores, que antes não eram percebidos.
A bacia do Rio Doce foi o local com o maior número de registros, com 12% de trechos inundáveis em toda a extensão. Os municípios com risco iminente de enchente na região são Governador Valadares e Resplendor. Em números absolutos, a bacia do São Francisco – a maior de Minas – é a campeã em pontos de alagamento.
Ações
Com os trechos vulneráveis à inundação mapeados, a ideia é desenvolver ações para minimizar os efeitos das ocorrências. “Quando identificamos onde estão esses pontos e qual a frequência e vulnerabilidade deles, conseguimos direcionar políticas públicas, como a implantação de sistemas de alerta”, explicou a diretora de Prevenção e Emergência Ambiental da Semad, Wanderlene Nacif.
“A definição dos locais de instalação das estações hidrológicas para monitoramento, por exemplo, é uma das ações desenvolvidas a partir dos dados do Atlas”, destacou a especialista.
Primeira vítima
A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) confirmou, nessa quinta, a primeira morte causada pelas chuvas em Minas no período chuvoso 2014/2015.
A vítima é William Carvalho, de 44 anos, que morreu após ter sido atingido por uma descarga atmosférica enquanto trabalhava em uma fazenda no povoado de São José das Rosas, no município de Santo Antônio do Monte, no Centro-Oeste de Minas. (Hoje em Dia)