A sonda robótica Philae completou sua missão primária quase 57 horas após ter pousado na superfície do cometa 67/P Churyumov-Gerasimenko. Na noite dessa sexta-feira (14), o equipamento enviou à Agência Especial Europeia (ESA, da sigla em inglês) mais um pacote de informações relativas à observação a partir da superfície do cometa. Na sequência, já quase sem bateria, a sonda entrou em modo de espera, desligando automaticamente instrumentos e sistemas de bordo.
“Recebemos tudo. Correu exatamente como planejávamos”, disse hoje (15) um dos cientistas que participam da missão, Jean Pierre Bibring, esclarecendo que a equipe chegou a tentar reposicionar os instrumentos da sonda de forma a otimizar a incidência da luz solar sobre os painéis solares que garantem o abastecimento energético da Philae. Ao pousar no cometa, a sonda tinha energia suficiente para funcionar por cerca de dois dias e meio. Como está na maior parte do tempo à sombra, a incidência de luz sobre os painéis é insuficiente para carregar a bateria, movida à luz solar.
“Estamos convencidos de que somos capazes de manter Philae trabalhando, desde que seus painéis solares se aproximem o suficiente do sol”, acrescentou Bibring.
Imagem da sonda no Cometa 67P/ Churyumov-Gerasimenko – Foto: ESA/Rosetta/NavCam
Os últimos dados transmitidos pela sonda antes de perder contato com a Terra incluem os resultados de testes químicos de uma amostra da superfície do 67/P Churyumov-Gerasimenko, de gelo cósmico e poeira rica em carbono. O cometa, cujo núcleo mede em torno de 4 quilômetros, encontra-se a cerca de 510 milhões de quilômetros da Terra, viajando pelo espaço a uma velocidade de aproximadamente 18 quilômetros por segundo. Como a baixa gravidade praticamente anula o peso da sonda, qualquer oscilação é suficiente para que a Philae se desprenda e se perca no espaço.
Para aproveitar da melhor forma a energia previamente armazenada e tentar evitar ter que movimentar a sonda, os cientistas priorizaram completar as etapas mais simples (fotos, medições de densidade, temperatura e estrutura interna do cometa e análise das moléculas de gás na superfície) antes de dar início à perfuração do solo para análise de sua composição química.
O primeiro relatório sobre os dados colhidos durante missão a será apresentado durante o próximo encontro da União Americana da Geofísica, agendada para ocorrer em São Francisco (EUA), no próximo mês. “A informação recolhida pela Philae vai provocar uma reviravolta na ciência dos cometas”, adiantou o cientista Matt Taylor, membro da equipe.
A sonda Rosetta, que lançou o robô Philae em agosto, ainda vai acompanhar toda a viagem do cometa ao redor do sol pelo próximo ano, regressando em dezembro de 2015. A missão foi planejada há mais de 20 anos para estudar as origens do sistema solar, há estimados 4,6 milhões de anos. As conclusões contribuirão para que os cientistas investiguem também as origens da Terra. As informações são das Agências Brasil e Lusa.