Universidade disse que está contribuindo com a investigação. PF investiga fraudes em concursos públicos.
Depois que a Polícia Federal de Governador Valadares, no Leste de Minas Gerais, cumpriu 23 mandados de busca e apreensão, sendo em Valadares, oito em Juiz de Fora, um em Belo Horizonte e dois em Brasília (DF), a prefeitura do município e Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) se pronunciaram, por meio de nota, na tarde desta terça-feira (21).
A PF investiga servidores públicos federais que podem estar envolvidos em fraudes em concursos públicos. Em Valadares, três servidores da UFJF foram afastados do cargo. Eles são suspeitos de inserir candidatos, parentes e amigos, nas vagas de servidores públicos da instituição. Uma quarta pessoa ainda deve ser desligada da instituição, segundo a polícia.
Em nota, a UFJF disse que está contribuindo com a investigação e que forneceu todos os documentos e informações solicitados. “Como estão sendo apurados indícios de realização de fraudes para aprovação de candidatos”, a UFJF aguarda a conclusão das investigações para se pronunciar e tomar as atitudes cabíveis, sem prejuízo das providências internas de averiguação. Caso haja qualquer tipo de comprovação de irregularidade, a UFJF será a primeira interessada em efetivar os procedimentos adequados para o seu devido saneamento”, diz a nota emitida pela UFJF.
Prefeitura de Valadares
Também por meio de nota, a prefeitura de Valadares disse que a operação da Polícia Federal não diz respeito ao município e que trata-se de investigação em função de indícios de favorecimento no concurso público da UFJF.
“A referência a secretários municipais se dá única e exclusivamente em função de relações profissionais que mantiveram com candidatos aprovados, conforme se observa nos autos do processo”, diz a nota.
Por fim, a prefeitura esclarece que o concurso público foi de responsabilidade e competência da UFJF, “não existindo qualquer participação de nenhum de seus secretários municipais que, é bom ressaltar, não são réus ou mesmo acusados na Ação Civil Pública do Ministério Público Federal que gerou a investigação”, finaliza.
Três servidores foram afastados do cargo
A Polícia Federal de Governador Valadares cumpriu 23 mandados de busca e apreensão, sendo 12 em Governador Valadares, oito em Juiz de Fora, um em Belo Horizonte e dois em Brasília (DF), durante a “Operação Password”, que investiga servidores públicos federais que podem estar envolvidos em fraudes em concursos públicos.
Em Valadares, três servidores da Universidade Federal de Juiz de Fora foram afastados do cargo. Eles são suspeitos de inserir candidatos, parentes e amigos, nas vagas de servidores públicos da instituição. Uma quarta pessoa ainda deve ser desligada da instituição, segundo a polícia.
PF investiga com suspeitas de envolvimento de 4 servidores da UFJF (Foto: Davidson Fortunato/G1)
Na universidade, segundo o Delegado Cristiano Campidelli, pelo menos 11 pessoas foram aprovadas, sendo 10 em um edital e uma em outro, ambos desse ano, através de fraudes de resultados, sendo comprovadas pontuações quase totais nas provas para todos os suspeitos, que possuem mestrado e doutorado. “As avaliações de cálculo foram as mais explícitas em resultados, uma vez que os candidatos não fizeram contas e responderam corretamente as questões”.
Um dos candidatos já teria participado de outro concurso em 2008, em Juiz de Fora, e foi afastado, na ocasião. Desta vez, segundo o Delegado, um professor da Universidade teria assinado um termo definindo que o candidato teria uma graduação, inexistente no currículo dele. Os candidatos também não tinham históricos de outros concursos públicos já feitos.
De acordo com a Polícia Federal, dois secretários do atual governo e um ex-secretário, ambos da Prefeitura Municipal de Valadares, teriam envolvimento no esquema de fraudes. “O que a gente percebe é que esses secretários da Prefeitura são muito próximos a pessoas que foram aprovadas nesses concursos. Então por todas as provas a gente verifica que eles teriam feito uso da aproximação de servidores da UFJF, envolvidos no esquema, para privilegiar essas pessoas”, diz o delegado.
Ainda de acordo com Campidelli a universidade não está colaborando com as investigações. “Infelizmente a Polícia Federal não obteve, até o presente momento, qualquer colaboração da UFJF. Até agora não instalaram qualquer procedimento administrativo para apurar as inúmeras fraudes, já indiciadas há muito tempo. Pelo contrário, tivemos outros servidores vindo a Valadares para orientar outros funcionários para os depoimentos perante a Polícia.”, afirma o delegado.
A polícia ainda não tem confirmação de como funcionava o esquema de fraudes. “As investigações não determinaram ainda se houve o vazamento das provas ou gabaritos, por isso estamos fazendo as 23 buscas e apreensões nas quatro cidades, afim de descobrir como essas informações foram passadas”.
De acordo com o delegado, se ficarem comprovadas as irregularidades, os principais envolvidos, os secretários e servidores da UFJF podem pegar de 33 a 108 anos de prisão, cada um, por vários crimes, entre eles falsidade ideológica. Os demais investigados podem pegar de dois a seis anos de reclusão. As investigações continuam ainda sem tempo determinado.
(Inter TV dos Vales)