Em torno de mil hectares de reservas nacionais têm sido queimados, diariamente, em Minas. Nas últimas quatro semanas, período em que os incêndios florestais se intensificaram no Estado, 26,2 mil hectares acabaram consumidos pelas chamas.
É como se todos os dias quase 900 campos de futebol de área verde virassem cinzas. O quadro, agravado pelo calor intenso e o clima seco, deixa Corpo de Bombeiros e brigadistas voluntários sobrecarregados. Em sete dias, a corporação combateu 700 focos (inclusive em áreas urbanas).
O Parque Nacional da Serra da Canastra, onde está localizada a principal nascente do rio São Francisco (na região Centro-Oeste), foi o mais afetado, perdendo 44% de área para o fogo, ou 87,5 mil hectares. O da Serra do Cipó (região Central) teve 2.400 hectares devastados apenas nesta semana.
Neste ano, foram queimados mais de 100 mil hectares de áreas de conservação em Minas, considerando também as 311 reservas estaduais. O número é 380% superior ao registrado em todo o ano passado.
Segundo o capitão Thiago Miranda, do Corpo de Bombeiros, este está sendo um dos anos mais críticos, com a corporação chegando a combater três vezes mais incêndios do que o habitual. Em outubro de 2013, foram registradas 283 chamadas para combate ao fogo em vegetação. Com apenas 16 dias deste mês, são mais de 500 registros em áreas verdes.
“Esse número pode ser maior porque ainda há aqueles casos em que a gente não consegue chegar ou atender. Estamos priorizando as situações mais críticas, como os incêndios que ameaçam áreas urbanas”, afirmou.
Estrutura
O efetivo do Corpo de Bombeiros conta com 6.300 homens em todo o Estado, sendo que 2 mil atuam na região metropolitana. Além de combater o fogo, eles atendem outras demandas, como resgates. A devastação de áreas verdes não é um problema de efetivo, de acordo com Miranda. “Não é o número de bombeiros que irá impedir o fogo nessas áreas. A questão é que estamos com muitos focos”.
Para a superintendente da Associação Brasileira de Defesa do Meio Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, falta uma política pública efetiva de prevenção. “Não é somente a questão do efetivo, pois o Corpo de Bombeiros é apenas um dos instrumento”. Ela destaca a necessidade de intensificar a fiscalização e de criar um batalhão especializado.
O governo alega manter estruturas de combate em cada parque e possuir bases do programa Previncêndio, que podem ser deslocadas para todo o Estado, inclusive com o uso de aviões.
(Hoje em Dia)