Delegado afirma que Triângulo Mineiro virou polo logístico dos traficantes. Na operação de hoje a PF apreendeu três aeronaves que transportavam drogas, dezenas de carros, jet-skis e lanchas
A Polícia Federal (PF) fechou o cerco a uma quadrilha milionária de tráfico de drogas internacional no Triângulo Mineiro. A organização criminosa está associada a traficantes bolivianos e já trouxe ao Brasil mais de 30 toneladas de cocaína em 10 anos de atuação. Os bandidos usam cidades mineiras e goianas para descarregar a droga vinda do Paraguai e da Bolívia. Ao todo, a PF cumpre, nesta quinta-feira, 26 mandados de busca e apreensão e 26 mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça Federal em Uberlândia. Os envolvidos são procurados em endereços em Minas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Aeronave apreendida pela PF no Triângulo Mineiro – Divulgação/PF
De acordo com o delegado Carlos Henrique Cotta D’angelo, as apurações sobre a atuação da quadrilha começaram há cerca de um ano. No período, quase três toneladas de cocaína foram apreendidas e 22 envolvidos presos, sendo 14 em flagrante. O objetivo da operação de hoje é descapitalizar a quadrilha, que adquiriu bens milionários com o dinheiro do tráfico. A PF já apreendeu três aeronaves que transportavam drogas, dezenas de carros, jet skis, lanchas, além de sequestrar judicialmente fazendas, casas e outros imóveis usados no armazenamento de drogas.
O delegado explica que os bandidos envolvidos na quadrilha são perigosos e reincidentes. “O grupo é conhecido na região. Há cerca de um ano tivemos uma operação em que dois deles foram presos”, relata. D’angelo se refere caso do dia 10 de março de 2013 em que a PF interceptou um avião bimotor em Indianápolis, prendeu sete pessoas, matou um suspeito de tráfico e apreendeu 447 quilos de pasta base de cocaína. O produto era avaliado em cerca de R$ 4 milhões, segundo cálculos da polícia.
Conforme o delegado, dois dos presos na operação de Indianápolis conseguiram ser soltos e voltaram para as atividades criminosas. Para D’angelo, a Justiça não colaborou com o trabalho da polícia neste caso, por isso, a PF mudou a estratégia. “O objetivo agora é descapitalizá-los porque sabemos que prisão não resolve. Fizemos isto em Uberaba com outra quadrilha que pegamos todo o meio financeiro. Os envolvidos ficaram sem recursos até para pagar advogado e tiveram dificuldade para voltar às atividades criminosas”, afirma.
Drogas apreendidas na Operação Navajo – Divulgação/PF
Polo logístico dos traficantes
O delegado explica que os traficantes captam a droga nos países vizinhos e trazem ao Brasil por meio de voos clandestinos que pousam no Triângulo Mineiro. A região é um polo para pouso de aviões carregados de drogas. “Está comprovado mais uma vez que a região é um polo logístico dos traficantes”, afirma D’angelo. As aeronaves pousavam em fazendas, locais onde a droga ficava armazenada para futura distribuição aos grandes centros por meio de carros e caminhonetes.
O grupo também é acusado de cometer vários crimes violentos, como homicídios em decorrência do tráfico de drogas. Entre os investigados, três são bolivianos e tiveram prisão decretada, passando a PF a contar com o apoio da Interpol para prendê-los em território estrangeiro.
No fim do dia, a PF vai divulgar os resultados da operação. Os presos serão conduzidos ao Presídio Jacy de Assis em Uberlândia e responderão pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, tráfico internacional de drogas e organização criminosa, podendo ser condenados a até 49 anos de reclusão.
A Operação Navajo tem este nome como referência ao modelo de aeronave preferido pelos líderes da organização investigada, comumente usado para o transporte da cocaína.
Quadrilha fazia o transporte da droga em pequenos aviões – Divulgação/PF
(Estado de Minas)