Redes sociais auxiliam na investigação e prisão de criminosos em Minas Gerais

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Facebook, Twitter, WhatsApp e Instagram ajudam no cumprimento da lei, mas também são usados de forma ilegal, como passar informações sobre blitzes

Aplicativos de redes sociais, como Facebook, Twitter, WhatsApp e Instagram, se tornaram febre entre usuários de smartphones em todo o mundo, e são usados para trocas de mensagens entre amigos, publicação de textos e fotos e para paquera, mas também para burlar a lei. De olho na tendência, as polícias Civil e Militar descobriram como contra-atacar usando esses serviços como aliados nas investigações. O mais recente caso ocorreu nesta semana, quando investigadores da Delegacia de Homicídios de Santa Luzia, na Grande BH, conseguiram prender um jovem de 18 anos, em Governador Valadares, Vale do Rio Doce, acusado de assassinar um amigo de infância. Com ajuda de um programa de troca de mensagens, os agentes não só obtiveram a confissão do suspeito, como descobriram o local onde estava escondido. O mesmo mecanismo vem sendo usado ainda para compartilhamento de informações entre policiais, que também começaram a se infiltrar e divulgar mensagens falsas em fóruns criados para burlar a Lei Seca.

Autoridades de segurança pública combatem as ‘tuitadas’ para divulgação de pontos da Operação Lei Seca – Foto: Reprodução da internet / site da campanha Operação Tweet

No caso de Santa Luzia, o delegado Christiano Xavier contou que uma pessoa ligada à vítima, Raphael Felipe Borges Ferreira, ajudou nos levantamentos. Segundo ele, a testemunha criou um perfil falso no WhatsApp, passando-se por uma garota interessada no acusado, Jefferson Alves da Silva, o Dentinho. Nas conversas, o rapaz confessou ter matado o amigo por causa de uma desavença envolvendo uma pipa. Contou ainda que estava escondido na casa de uma tia, na cidade do interior de Minas.

Todo o conteúdo do bate-papo entre o acusado e a testemunha era encaminhado a uma conta de e-mail de um dos investigadores do homicídio. As conversas reforçaram o pedido de mandado de prisão contra Dentinho, e ainda serão usadas no inquérito. “Foi a primeira vez que usamos o WhatsApp como ferramenta de trabalho. Normalmente, monitoramos o Facebook e o Instagram de suspeitos. Por meio dessas redes, conseguimos identificar vários integrantes de organizações criminosas. Monitoramos os passos deles e vamos traçando o perfil de cada um e de seus amigos”, disse o delegado.

Grupo de investigação

No dia 1º, o WhatsApp também foi usado como ferramenta pelos mais de 100 policiais civis e militares mobilizados para apurar o assassinato da investigadora Maria Regina de Almeida, de 48, vítima de latrocínio (roubo seguido de morte). A policial foi abordada e morta por criminosos no momento em que saía em seu Hyundai HB20 da garagem do prédio onde morava, na Rua Monte Simplon, Bairro Nova Suíssa, Oeste de BH, a caminho do trabalho. Rapidamente a notícia do assassinato de Maria Regina chegaram aos celulares de colegas da Polícia Civil, assim como a foto de um dos supostos autores – o traficante Cláudio Cordeiro dos Santos, de 35, o Piui.

A imagem do suspeito foi transmitida para telefones de investigadores, subinspetores, inspetores e delegados, soldados, cabos, sargentos, subtenentes, tenentes e do capitão que estavam envolvidos na missão de prender os responsáveis pelo crime. Cláudio dos Santos foi detido dias depois do crime, no Aglomerado Ventosa, em uma casa próxima ao local em que o carro da investigadora foi abandonado após o roubo. A Polícia Civil não passou detalhes da prisão e nem confirmou se o traficante está ligado à morte da policial.

‘Criminosos’ vão agradecer dicas

Apesar de estarem sendo usadas para ajudar nos trabalhos policiais, as redes sociais nem sempre operam a favor da lei. Além de boatos de bomba, acidentes e ataques que circulam pela internet, há, por exemplo, quem use as ferramentas para passar informações sobre localização de blitzes montadas nos principais corredores de trânsito, principalmente nos fins de semana. Para a PM, trata-se de um desserviço à sociedade. Para combatê-lo, também será usada a estratégia da infiltração, associada à contrainformação.

De acordo com o tenente Nagib Magela Jorge de Oliveira, assessor de comunicação do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), além de contribuir com motoristas imprudentes que misturam volante e álcool, essas pessoas acabam ajudando criminosos. “As operações no trânsito não são montadas só para pegar condutores que beberam: também têm objetivo de evitar sequestros-relâmpago, prender foragidos da Justiça e flagrar bandidos que têm a intenção de cometer roubos e assaltos”, informou.

O tenente confirma que, embora não seja regra institucional, militares do BPTran optam por lançar informações falsas na mesma rede usada por quem quer escapar de blitzes, para confundir os usuários. Para alertar sobre o perigo da disseminação desses alertas, foi criada uma campanha para conscientizar os usuários. Todas as vezes em que forem postados pontos em que há a fiscalização, perfis falsos de criminosos vão responder aos internautas, agradecendo pela “dica”.

A professora Joana Ziller, do curso de comunicação social da UFMG e pesquisadora de comunicação digital, afirma que as redes sociais vieram para ficar e, graças a elas, várias funções do cotidiano estão se tornando cada vez mais públicas. Os usuários, segundo ela, normalmente não pensam nas consequência de uma divulgação pessoal, e uma simples informação pode ser usada contra eles. Em contrapartida, pessoas que cometem crimes também não têm preocupação com suas postagens, o que acaba ajudando o trabalho da polícia.

“As pessoas em geral não têm noção desse caráter público quando fazem uma postagem, diferentemente de quem monitora ou investiga. Por isso, usar redes sociais como ferramenta de trabalho é uma excelente opção dos órgãos de segurança pública. Só precisamos ter cuidado com essa vigilância. Todo meio de comunicação é democrático e temos que saber os pontos benéficos e os malefícios desse monitoramento”, alertou.

App policial

Em julho, a Polícia Civil do município de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, lançou para download um aplicativo voltado para a segurança da população. A ferramenta foi criada para auxiliar na identificação e localização de criminosos e de pessoas desaparecidas. Com o Sistema de Informação para Proteção à Pessoa (SIPP), como foi chamado o app, é possível fazer denúncias contra homicidas e assaltantes. Quem baixa o SIPP tem acesso ao banco com dados dos criminosos.

(Estado de Minas)

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