“Ele não queria me deixar viva”, revela jovem agredida na cidade do Serro

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Moradora do Serro relata como está depois do drama vivido ao pegar carona com um estudante do curso de Direito da PUC, na saída de uma festa

“Não sei nem identificar ao certo o que estou sentindo, estou muito triste, perturbada, passa mil coisas na minha cabeça. Parece que não caiu a ficha direito. Vou tentar voltar a viver minha vida ao normal, só espero que a justiça seja feita.” Essas foram às palavras da jovem Débora, de 17 anos, ao falar sobre o drama vivido no último sábado (23), após pegar carona com um estudante do 4º período do Curso de Direito da PUC, na saída de uma Calourada que era realizada em frente ao Campus do Serro. O autor de 24 anos tentou estuprá-la e a arrastou no asfalto.

(Jovem sofreu vários ferimentos no corpo – Foto: Reprodução/Facebook)

A carona

Segundo Débora, era por volta das 4h de sábado, quando ela, outra menina e dois jovens pegaram carona com o autor, um estudante de direito de 24 anos. “Aceitei a carona, porque além de precisar ir embora, pois trabalhava no outro dia, ele era conhecido da minha irmã, ela foi colega dele na faculdade; sempre deu carona a ela e nunca aconteceu nada”.

A jovem disse que a intenção dos outros jovens que estavam no carro era ir para outra festa, que era no caminho para a sua casa, no bairro Cidade Nova. “Ao chegar lá, dois desistiram e desceram do carro, o outro jovem desceu e ficou na porta, esperando que o dono do carro voltasse depois de me levar em casa”, explicou.

Mas o perigo ainda estava por vir: “Quando ficamos a sós, ele começou a ter atitudes esquisitas, tentando me agarrar a força, achei aquilo estranho. Só me dei conta, quando ele entrou em uma rua escura e disse que íamos dar uma paradinha ‘pra ficar’ ai pedi a ele para parar e coloquei a mão na chave do carro. Nesse momento ele acelerou, fiquei em choque, não sabia o que ele iria fazer comigo”, contou em tom de tristeza.

Débora disse que não tinha como descer naquela rua, pois era muito pouco habitada e muito escura; ela tinha a esperança do suspeito parar no asfalto, próximo a sua casa, mas ele não parou, acelerou o carro e continuou a dar intenção de estupro. A jovem abriu a porta do carro e gritou pedindo socorro, nessa hora ela pulou do carro em movimento. “Ele me segurou pelo braço e me puxava forte para debaixo do carro, fui arrastada de lado, de frente, de costas, a intenção dele não era me soltar; já tinha me machucado toda, ele não queria me deixar viva”, revelou.

Depois de algum tempo, Débora conseguiu se soltar, levantou, pegou sua bolsa e correu. Segundo ela, o agressor parou o carro no asfalto e foi atrás dela: “ele me pegou pelo braço e disse que se eu contasse a alguém seria pior; eu disse que só queria ir embora e pedi pelo amor de Deus para ele me soltar. Cheguei em casa desorientada, tranquei a casa toda, e depois de ver que não teria como dormir, que estava toda machucada, chamei meu pais e eles me levaram para o hospital, lá chamaram a PM”.

Após a denúncia, militares deslocaram até o imóvel do rapaz. O agressor, segundo policiais, apresentava sinais de embriaguez, como fala desconexa.

O homem disse à corporação que havia bebido muito durante a festa e que uma pessoa teria lhe dado um comprimido, mas ele não sabia o nome. Em relação às denúncias de tentativa de estupro e agressão, o suspeito alegou que não se lembrava do que havia acontecido.

Débora contesta a fala do suspeito; em seu depoimento, ela contou que “não notou que ele estivesse louco ou sem saber o que estava fazendo”. Disse ainda que foi levada pela inocência e que jamais imaginava que ele poderia fazer isso. Após a tentativa de estupro e a agressão, a vítima descobriu que o jovem já tem passagens pela PM.

“Meus pais estão tristes, estão sofrendo muito com tudo isso, estou tentado ser forte; graças a Deus, minha recuperação está sendo boa, agora, meu único desejo é que esse rapaz não fique impune”, afirmou Débora.

No final da entrevista, Débora fez um alerta a todas as jovens. “Tem que ter mais maldade, não pode deixar ser levada pela inocência, o mal está em todo lugar. Não pense porque mora no interior, em cidade pequena, que está livre de maldade. Espero que ninguém sofra o que eu sofri e ainda estou sofrendo”, finalizou.

Agressor foi preso e está à disposição da justiça

O estudante Damião Wesley Silva Reis, do 4º período do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) foi preso após o registro da denúncia da jovem junto a Polícia Militar.

No momento da prisão, o agressor apresentava sinais de embriaguez e fala desconexa. Em relato aos policiais, o homem disse que teria bebido muito durante a festa e que alguém teria colocado um comprimido em sua bebida. Em relação à denúncia de tentativa de estupro e agressão, ele alegou que não se lembrava do que havia acontecido.

O rapaz prestou depoimento na Delegacia de Polícia Civil de Diamantina e posteriormente foi levado para a cadeia de Serro. De acordo com o delegado da cidade, Flávio Castro, o homem já havia sido preso por outros crimes.

(Folha de Guanhães/Aconteceu no Vale)

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