O trânsito de carretas carregadas de eucalipto nas rodovias do Vale do Jequitinhonha, principalmente a BR-367, tem provocado acidentes constantes, colocando em risco a vida dos carreteiros de todos os motoristas que utilizam as rodovias.
Além do risco de acidente há o desgaste contínuo das estradas que foram construídas para suportar peso abaixo do que é transportado. As carretas trafegam com até 96 toneladas de peso, provocando buracos nas rodovias e desgastando pontes, principalmente sobre o Rio Jequitinhonha em Itapebi/BA e sobre o Rio Araçuaí, em Araçuaí/MG. De acordo com dados do DNIT, no local deveriam ser transportado no máximo 45 toneladas.
Carreta tombou na BR-367, próximo a Ijicatu nesta quarta-feira (16) – Foto: Gazeta de Araçuaí
Transporte sem fiscalização adequada
Outra deficiência sem solução até agora é o fato de que as carretas não são fiscalizadas quanto ao peso e a distribuição nos eixos, porque não existem balanças na região.
Enquanto isso cresce o número de acidentes na BR-367, provocados principalmente pelo mal acondicionamento das cargas. Somente esta semana, foram registrados dois acidentes entre Virgem da Lapa e Ijicatu, em um trecho de 41 quilômetros, sem asfalto.
Na madrugada desta quarta-feira (16) um caminhão da Expresso Nepomuceno, carregado com madeira, tombou próximo a Ijicatu. Uma testemunha acredita que o motorista cochilou, saiu da pista e caiu em um buraco. Ele não sofreu ferimentos graves. A carga ficou espalhada no local.
No domingo (13), um pedaço de madeira se deslocou da carga de uma carreta e atingiu um funcionário de uma empresa de segurança que presta serviços para a Hidrelétrica de Irapé. O rapaz seguia de moto para o trabalho, quando foi atingido. Ele foi socorrido e medicado no Hospital de Virgem da Lapa e passa bem.
Crescem as reclamações
A região do Alto Vale do Jequitinhonha concentra a maior floresta de eucaliptos do planeta. São mais de 400 mil hectares de área plantada. Uma das empresas que atua na região é a Suzano Papel e Celulose.
De acordo com o engenheiro regional do DER, Marco Antônio de Lima, as empresas responsáveis pelo transporte da madeira produzida na região são: A Gafor, com sede em São Paulo, a Expresso Nepomuceno, de Lavras, e com escritório em Araçuaí, além da Coopercarga de Santa Catarina e Paineira.
“No trajeto, caem muitas toras. Isso está colocando em risco a vida de motoristas e passageiros que transitam pela rodovia”, alerta Carlos Carmelo, frentista de um posto de combustível às margens da BR-367.
As reclamações com relação à queda de toras de eucalipto na estrada, e a falta de segurança que elas provocam, crescem a cada dia. Pela internet circulam inúmeros vídeos mostrando a queda de madeiras mal acondicionadas nas cargas, principalmente na BR-116 (Rio/Bahia).
Grandes são os riscos aos veículos que trafegam, tanto na mesma direção, quanto na direção contrária, especialmente para os motociclistas, que são mais vulneráveis à queda destas madeiras na via.
Paras especialistas da área de Segurança do Trabalho, é preciso cuidado na acomodação da carga, evitando o transporte de toras mais finas, que se desprendem facilmente.
“Vamos intensificar as fiscalizações, juntamente com a Polícia Rodoviária Estadual”, garante o engenheiro Marco Antônio de Lima.
(Gazeta de Araçuaí / Sérgio Vasconcelos)