Casal recorre à conselheira espiritual e perde R$ 65 mil em Minas Gerais

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Um casal, natural de Alterosa, no Sul de Minas, foi enganado, por uma mulher que se passou por conselheira amorosa e espiritual, e perdeu R$ 65 mil, referente a venda de uma casa. As vítimas só perceberam que caíram em um golpe, nessa segunda-feira (30).

O homem, um motorista de 41 anos, recebeu na rua um panfleto com os dizeres “conselheira espiritual e benzedeira”, que continha apenas números de telefone. Como ele e a mulher, de 38 anos, estavam passando por um momento difícil no relacionamento, tendo inclusive terminado por uma vez, resolveu entrar em contato com a conselheira, sem comunicar sua companheira.

A vítima foi muito bem recebida e marcou uma consulta para a manhã do dia seguinte. Na casa, onde a mulher, conhecida como Gabriela, atendia, na Praça Getúlio Vargas, no centro, em frente a igreja matriz da cidade, o homem foi atendido e ouviu garantias de que a sua vida amorosa iria ficar bem, com a oração que ela faria para o casal. Ainda pediu para que ele levasse a mulher dele para os encontros com ela.

Panfleto era distribuído na rua da cidade

“O cenário da casa era assim: na entrada já tem uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Entrando, você tinha uma mesa com uma imagem grande de Nosso Senhor Jesus Cristo, e nas costas tinha mais uma Nossa Senhora, muitas velas, incenso de Santo Expedito, de Santa Rita de Cássia”, lembrou a professora de 38 anos.

Durante 15 dias, o casal se encontrou com a Gabriela. Em meio a orações e conselhos, a mulher disse ao motorista e à professora que uma casa que eles tinham estava amaldiçoada e que eles deveriam se livrar dela pelo preço que fosse. “Ela começou a falar coisas pessoais da nossa vida, coisas que ela não sabia, porque não nos conhecia. Falou que tínhamos algo na nossa vida espiritual que atrapalhava nós dois e que tínhamos que nos livrar disso, que seria a nossa libertação”.

A orientação não parava por ai. O dinheiro da venda da casa (que valia, segundo o casal R$ 90 mil e foi vendida por R$ 65 mil, devido a urgência do caso) deveria dormir por uma noite embaixo da cama dos dois e depois deveria ser deixado com Gabriela, para que ela fizesse uma benção depois que o sol se posse e uma outra antes de ele voltar a nascer.

“Nós levamos, (o dinheiro) contamos a quantidade de notas que tinha, escrevemos em um papel, ela deu uma caixinha de ferramenta nova, abriu uma camiseta com a imagem de Nossa Senhora Aparecida e dentro da camisa tinha um saco de jeans. Colocamos o dinheiro lá dentro e deixamos com ela. O meu esposo hesitou e ela questionou ele: ‘eu não fiz muitas coisas maravilhosas na sua vida?’”.

O motorista chegou em casa muito nervoso com a situação e preocupado, mas no dia seguinte, o casal buscou o dinheiro e estava tudo como tinham deixado. Mais tarde, Gabriela ligou para a professora e falou com ela que não tinha conseguido fazer as bênçãos, para quebrar a maldição, porque o marido dela teria ficado muito nervoso em confiar a ela o dinheiro. Que era para ela levar novamente o montante, quando ele tivesse saído para trabalhar e buscasse pela manhã, antes de ele retornar do serviço. Ainda, pediu para que ela não contasse para o esposo.

“A gente fica totalmente envolvida, a minha família estava reconstruída, só aconteciam coisas boas na minha vida. Eu sentia confiança na palavra dela, porque ela usava Deus, Nossa Senhora, o Espírito Santo. Você conhece pessoa melhor que essa para a gente confiar? Mas agora eu sei que muitos falam no nome Dele, mas é falso”, desabafou a professora.

Quando a vítima foi sozinha, no horário marcado, buscar os seus R$ 65 mil, tocou a campainha e ninguém atendeu. Depois ligou para o celular de Gabriela e deu caixa postal. Desesperada, foi contar a história para o marido. O casal olhou por uma janela e viu que muitas coisas, como as imagens dos santos, já não estavam mais na casa. Foi quando chamaram a Polícia Militar (PM) e registraram um boletim de ocorrência. Uma vizinha teria relatado aos policiais que a mulher se mudou durante a madrugada.

Segundo a PM, a suspeita estava na cidade há cerca de dois meses e desapareceu sem deixar rastros. A casa onde ela atendia era alugada. Ao casal, Gabriela teria contado ser rica, natural de Alfenas, que tinha dois filhos que cuidavam dos bens da família, um frigorífico e uma fazenda, com o marido dela. Uma criança de 8 anos morava com a golpista e atendia às ligações dos clientes. Ela dizia que a menina era também sua filha, mesmo não sendo chamada de mãe por ela.

Uma toalha esotérica, com franja e desenhos de sol e lua, era usada pela estelionatária, que distribuía orações católicas às pessoas que atendia. Ainda, a suspeita levou cerca de R$ 800 em objetos do casal, que ela pedia para benzer. Eram lingeries, roupas infantis da filha de 9 anos do casal, pijamas, toalhas e perfumes.

(O Tempo)

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