Restauradores iniciam entrega de obras atribuídas a Aleijadinho em Ferros

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As sete primeiras peças do acervo escultórico dos Passos da Paixão de Cristo já foram entregues pelos restauradores à Prefeitura de Ferros. A obra é atribuída pelos doadores das imagens a Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, segundo consta no inventário. Ao todo, são dez peças de madeira policromada que retratam as cenas do martírio de Cristo.

A empresa responsável pela restauração, a Memória Arquitetura Ltda., vencedora da licitação, iniciou os trabalhos em janeiro de 2014 e deverá entregar o restante das imagens ainda neste ano, conforme determina o contrato.

(Foto: Divulgação / Prefeitura Municipal de Ferros)

De acordo com a arquiteta e restauradora Patrícia Pereira, diretora da Memória Arquitetura, a obra de Aleijadinho é sempre motivo de controvérsias. “Faz-se necessária uma pesquisa aprofundada e a avaliação de um especialista para a confirmação da atribuição. O perito avaliará a técnica escultórica e a presença dos traços frequentes na obra de Aleijadinho” explica Patrícia.

Além da diretora da Memória e Arquitetura, trabalharam na recuperação das imagens as conservadoras-restauradoras Cristina Neves, Grasiela Nolasco, Margarida Souza, e o escultor Edivaldo Amaral. As restauradoras destacam que, durante o processo de restauro, foi identificado o uso de uma importante técnica conhecida por “Sangue de Rubi”, comum nas esculturas produzidas no período barroco em Minas Gerais, entre os séculos XVIII e XIX. A técnica consiste na aplicação de um material vermelho brilhante e semitransparente que imita o sangue das feridas de Cristo, chamado de “rubi” ou “resina vermelha”.

(Foto: Divulgação / Prefeitura Municipal de Ferros)

Origem e recursos

De acordo com o inventário do acervo, a atribuição a Aleijadinho foi feita por clérigos do Santuário do Caraça. A engenheira arquiteta da Prefeitura de Ferros, Rita Leite, explica como as imagens chegaram ao município: “Esse conjunto foi doado a Ferros pelo Colégio do Caraça em meados do século passado e trazido para a cidade em lombo de burro. Mesmo em péssimo estado de conservação, guardadas na Matriz de Sant’Ana, as imagens foram tombadas pelo Patrimônio Artístico e Cultural do município. A sua restauração significa devolver a Ferros e a Minas uma importante página da história”.

Na década de 1990, as imagens já haviam passado por intervenção de técnicos do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha -MG). Eles fizeram a desinfestação de cupins, mas sem obter melhorias estéticas.

Para realizar a restauração foram captados junto ao Fundo Estadual de Cultural (FEC) R$ 153 mil. Outros cerca de R$ 40mil foram investidos como contrapartida obrigatória do município. Parte desses recursos foi captada em gestão anterior. No entanto, para que fosse possível realizar os trabalhos, outro significativo montante precisou ser captado junto ao FEC em 2013, na atual gestão municipal.

Por questões de segurança, o ateliê onde as demais imagens serão restauradas é mantido em sigilo. A Prefeitura ainda estuda, junto com a Paróquia de Sant’Ana, a forma e o local onde o conjunto será exposto para visitação do público.

(Foto: Divulgação / Prefeitura Municipal de Ferros)

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