Paulo Henrique Silva – E o dinheiro, é de quem mesmo?

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Se a probabilidade de uma gestação múltipla gira em torno de 1%, pode-se imaginar que o ser humano é individualista desde a sua concepção, priorizando em demasia o Eu e relegando o Nós às situações que lhe sejam convenientes, agindo coerentemente com o seu instinto natural.

Vejamos: o estado de São Paulo, principalmente a região metropolitana da capital, atravessa a pior estiagem dos últimos anos e as consequências estão aí, desabastecimento e o tal ‘rodízio’ de água, que até poderia ser de pizza, afinal de contas a atual situação foi prevista lá atrás, em 2009.

Mesmo assim, o hábito das ‘varrições’, com mangueiras jorrando ao léu este precioso líquido, como não fosse importante ter o mínimo de consciência ambiental em pleno século 21, continua a todo vapor, pois o importante é a minha calçada, é a frente da minha casa, do meu prédio, do meu empreendimento. Tudo precisa estar bem limpinho… Vai faltar água na periferia? “Ai, a minha doméstica mora lá, sofre né tadinha…”.

Prova mais atual do individualismo do ser humano não há, concordam? E como esta prosa se relaciona com o título deste artigo?

Em toda compra que efetuamos, individualmente, no dia a dia, existe a incidência da carga tributária, ou seja, é o nosso dinheiro gerando a receita que toca a nossa máquina pública.

É aí que entra o questionamento: e o dinheiro, é de quem mesmo? É nosso! Simples assim!

Mas o ser humano, em sua individualidade nata, sempre encontrou dificuldades para viver o coletivo, mesmo estando no coletivo, em sociedade, desde os primórdios.

Aí vem aquela abordagem na linha da vitimização, onde o nosso dinheiro passa a ser o dinheiro do Governo, logo, “como ele não é mais meu”, quem tem que zelar dele é o Governo… Como diria o cumpadi Washington: sabe de nada inocente…

Em uma democracia, que é o caso do Brasil, tanto o voto quanto o dinheiro público é do povo e zelar por ambos é um dever de cada cidadão.

Vender o voto e depois colocar a culpa no poder público pelo descaso na utilização de recursos públicos nos municípios é coisa de gente desqualificada para viver em sociedade.

Votar conscientemente e depois colocar a culpa no poder público sobre tudo de errado que está acontecendo em sua cidade, sem continuar exercendo a cidadania através da fiscalização da aplicação dos nossos recursos públicos, é caso de acomodação.

Agora, votar conscientemente e participar do desenvolvimento do seu município, através da prática da fiscalização do poder público, envolvendo-se com os assuntos que se referem à sociedade como um todo, ao coletivo, aí é o que este país precisa, é postura de cidadão.

E não precisa ser um letrado, um grande conhecedor de leis, um especialista em gestão pública, pelo contrário, basta ter a mesma postura que se tem quando o assunto refere-se ao Eu, ou seja, esteja atento.

Atenção à situação da unidade de saúde, quando for necessário recorrer a uma delas; atenção à escola pública aonde o filho estuda, quando for convocado para uma reunião de pais; atenção às estradas que cortam a zona rural, quando estiver passando por lá, seja a trabalho ou lazer; atenção à limpeza urbana, ainda mais em municípios que possuem coleta de lixo regular; foi deixar o filho na creche pública, esteja atento; e por aí vai…

O nome desta atenção é Controle Social – Controladoria Geral da União/Olho Vivo – e está prevista em leis, com diversos mecanismos acessíveis para participação popular.

Vamos deixar o nosso individualismo nato de lado e passar a, efetivamente, viver em sociedade.

As transformações que estão ocorrendo no nosso país são imensas, dignas do tamanho de uma grande nação, mas ainda falta muito e a solução passa por nossas mãos, enquanto cidadãos comprometidos com um futuro verdadeiramente melhor.

Afinal de contas, o dinheiro é nosso e não aceita desaforos.

Forte abraço!

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