Paulo Henrique Silva – As estratégias de sempre

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Dia desses, após almoçar em uma cidade com pouco mais de nove mil habitantes no Vale do Rio Doce, fui parabenizar o proprietário do restaurante pelo conjunto de fatores que ele conseguiu reunir no empreendimento e que, em minha opinião, são ingredientes para uma receita de sucesso – com o perdão do trocadilho: boa estrutura, ambiente agradável, serviço cordial e eficiente, boa comida e preço justo.

Enquanto pagava a conta, a prosa fluía e eis que de repente, na televisão ligada ao fundo do balcão, passou a propaganda da nova novela da Rede Globo para o horário das 19 horas, Geração Brasil.

Inevitavelmente, comentei que este ano, mais uma vez, vale tudo para tirar o PT do Planalto e que a logomarca da novela foi, escandalosamente, desenhada para remeter aos números dos dois principais partidos de oposição, ou seja, PSB (40) e PSDB (45).

Paranoia? Pouco provável, ou melhor, com certeza não, porque o rastro de manipulação que a Globo vai deixando em sua história é enorme.

Em 2013, a Rede Globo assumiu seu ‘erro’ em apoiar a ditadura, sendo necessários 49 anos para assumir sua posição pró militares, ou seja, quase meio século depois!

Em 2011, após 22 anos, José Bonifácio Sobrinho, o Boni, publicou “O Livro do Boni”, aonde narra com detalhes à manipulação do último debate da eleição de 1989, decisivo para a eleição de Fernando Collor: “Eu achei que a briga do Collor com o Lula nos debates estava desigual, porque o Lula era o povo e o Collor era a autoridade”, contou. “Então nós conseguimos tirar a gravata do Collor, botar um pouco de suor com uma ‘glicerinazinha’ e colocamos as pastas todas que estavam ali com supostas denúncias contra o Lula, mas as pastas estavam inteiramente vazias ou com papéis em branco”, disse Boni à época. “Todo aquele debate foi produzido, o conteúdo era do Collor mesmo, mas a parte formal nós é que fizemos”.

Em 2010, a emissora retirou do ar, para não ser acusada de tendenciosa, a campanha em comemoração aos seus 45 anos, pois também continha uma alusão explícita ao PSDB.

Desde as 776 notificações da Receita Federal por sonegação fiscal – com direito ao sumiço do processo da sede do órgão no Rio de Janeiro, sendo que em janeiro de 2013, a funcionária da Receita, Cristina Maris Meinick Ribeiro, foi condenada pela Justiça a quatro anos de prisão como responsável pelo sumiço, afirmando ter agido por livre e espontânea vontade – à acusação de que repassam à UNESCO apenas 10% do valor arrecadado com a campanha Criança Esperança, as Organizações Globo vão acumulando casos que, no mínimo, geram a desconfiança sobre quais são as suas verdadeiras intenções e compromissos com o Brasil.

Tal desconfiança é refletida diretamente nos índices de audiência da Rede Globo.

Como exemplo, nos últimos dez anos o Jornal Nacional viu a audiência ser reduzida a um terço do que era.

Com o Fantástico em seu ápice na década de 80, a audiência passava de 40%. Hoje, não chega a 15%.

Mais um mandato do PT à frente do Governo Federal representa um risco à existência das Organizações Globo, porque longe do poder, não pode usufruir das benesses da coisa pública a que estavam acostumadas desde a ditadura militar.

E ainda tem a questão do marco regulatório da mídia que poderá reorganizar o setor e quebrar o monopólio que hoje é o retrato dos meios de comunicação no Brasil, dominados por apenas nove famílias!

Enfim, ano de eleição, ano de manipulação da sociedade.

E o dono do restaurante do início do artigo?

Bem, a prosa terminou assim: ”Meu pai antes não trabalhava, porque tinha lá umas vaquinhas e ‘fazia’ uns vinte queijos por dia. No final da tarde, vendia 5 e pagava os dez ‘peão’, o resto era lucro. O caboco que comprava um queijo do meu pai ficava devendo pra ele. Hoje, meu pai precisa vender quatro queijos e meio para pagar um dia de um peão. Fazendeiro hoje que não ‘pulá no mato’ para trabalhar tá enrolado…”

Esta realidade é que tanto assusta quem estava acostumado com o ‘bem bom’, mas por conta do alheio…

Forte abraço!

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