Alexandre Rezende – O pau de sebo

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Poucas semanas se passaram desde os festejos da Semana Santa e, em algumas cidades como a minha Sabinópolis, a programação pagã, ou não religiosa da data em que se relembra a morte e ressureição de Cristo inclui, além da queima do Judas, o Pau de Sebo.

O pau de sebo reza a tradição, tem suas origens na religiosidade dos antigos egípcios que em adoração a um de seus muitos deuses erguiam obeliscos apontados para o céu, relembrando a existência do divino. Depois esta tradição foi também adotada pela igreja católica, o que explica, do vaticano à Praça 7 de setembro, em Belo Horizonte, aquele mastro fincado onde o pessoal se reúne em finais de campeonatos de futebol ou protestos dos mais variados.

O pau de sebo é exatamente este obelisco, untado de banha de porco como é de costume, apontado para o céu e que, no alto, – como também acreditavam os egípcios, a igreja católica ou aqueles que se aventuravam a alcançar o topo – estaria o premio: a vida eterna para uns, um “maço de dinheiro” para outros.

Mas de quem foi à ideia de subir no obelisco? Isso não se sabe. Nem muito menos quem foi o infeliz que, acreditando que subir no obelisco era coisa pequena resolveu untar o mastro com gordura para dificultar a estratégia.

Segundo a filosofia, uma das coisas que distingue o ser humano dos demais é a capacidade de produzir cultura. O que explica o fato de a aranha sempre construir a mesma formação de teia desde sua existência aqui no planeta, uma vez que suas presas não conseguiram até hoje burlar a armadilha. Desta forma a aranha continua sendo aranha e nunca precisa melhorar a arquitetura de sua teia já que o mosquito vai continuar sendo mosquito e cair sempre na mesma pegadinha. É como aquele seu amigo que sempre ri da mesma piada como se fosse a primeira vez. Já o ser humano evolui, para o bem ou para o mal, e consegue a cada passo burlar os percalços que a vida lhe coloca. E em ultimo estágio da evolução está o jeitinho brasileiro.

Pois bem, depois que colocaram o sebo no mastro, a coisa ficou mais difícil e as pessoas tiveram que organizar formas diferentes de alcançar o topo. Daí veio às formações de pirâmides, pessoas que se equilibram umas nas outras, e outros truques que são improvisados ali, no momento, como espalhar areia no mastro e nas mãos para diminuir os efeitos da gordura. Existem também os exímios atletas escaladores que em um único impulso alcançam o topo do mastro. Esses são os que mais lucram com a brincadeira porque conseguem subir sozinho e não precisam repartir o dinheiro com ninguém.

Não se sabe se pela grande quantidade de sebo ou se pelo estado etílico de alguns dos nossos ébrios atletas de Sabinópolis, mas o fato é que nos últimos dois anos o pau de sebo em nossa cidade segue sem um vencedor. Mas o melhor de tudo isso é que a cada ano mais adeptos se juntam à esta brincadeira, mantendo acesa a cultura popular de nossa cidade e desta forma, para ser piegas e sem perder a razão, todos nós somos vencedores

Em outros cantos do país, em algumas cidades mineiras e principalmente no nordeste, o pau de sebo é parte da programação da festa junina. Mas em Sabinópolis é na semana santa mesmo porque em Sabinópolis tudo é diferente e “outra assim não tem igual”, como cantou o poeta Arnon de Pinho Tavares. E na sua cidade? Tem pau de sebo? Quando é? Conte pra gente!

Este colunista acompanhou por alguns anos a festa do Pau de Sebo e fez algumas fotos que você pode visitar aqui! http://www.arfoto.com.br/#!pau-de-sebo/cri7

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