Universitários reclamam dos programas assistenciais da UFVJM

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O discente Gleyston Barbosa Martins, matriculado no Campus Diamantina da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, utilizou nesta quarta-feira, 30 de abril, um grupo na rede social Facebook para reclamar sobre as deficiências nos programas assistenciais da instituição. No desabafo o estudante relata as dificuldades para um estudante de família pobre conseguir ser manter durante o período necessário para se formar em um curso da Universidade.

O estudante aponta as fragilidades e deficiências do Programa de Assistência Estudantil, registra as adversidades vividas por estudantes de baixa renda e afirma que amigos desistiram do curso ou se transferiram para outras universidades porque não tinham mais condições para viverem na cidade.

LEIA O DEPOIMENTO DO UNIVERSITÁRIO:

Já escrevi uma postagem sobre o que aconteceu na fila da marmita, mas eu quero desabafar, estudo nessa faculdade ha seis anos. Estou me formando, graças a Deus, depois de muito sofrimento e muito perrengue. Quando fiz vestibular, me disseram “Você não vai conseguir passar” e eu passei e durante todo o meu curso eu ouvia frases do tipo “Você não vai conseguir se formar”, porque “Pobre não estuda”, mas eu estou aqui quase me formando.

Alimentação cara no campus e na cidade

Entretanto eu não digo que a faculdade tenha me ajudado muito nesse quesito, grande parte do fato de eu estar formando vem do meu esforço e jogo de cintura para burlar as adversidades. A UFVJM tem um programa de assistência estudantil que é um dos, se não o pior programa de assistência estudantil desse país. E porque eu digo isso? Porque além de conhecer outros programas em outras universidades, conheci inúmeras pessoas que foram obrigadas a sair da faculdade, ou mudaram de universidade, por que não tinham condições de viver nessa cidade e de estudar nessa universidade. Nós não temos moradia, uma colega minha foi obrigada a sair da faculdade, pois não tinha onde morar; não temos RU (Restaurante Universitário), a comida no campus II custa R$ 4,50 e na cidade a bagatela de R$ 30,00 o quilo, os poucos sortudos que conseguem o auxílio alimentação, devem rezar para que não ocorra nenhum imprevisto que os obrigue a faltar na marmita, pois devemos ter o dom da clarividência e prever tais imprevistos para justificá-los com antecedência, pois ATESTADOS MÉDICOS NÃO ABONAM FALTAS, por fim as pessoas que ainda assim conseguem fazer isso devem fazer um regime especial onde comem uma única vez no dia e passam o domingo, feriados e pontes em jejum.

A “gorda” bolsa de R$ 350,00 mensais pela qual trabalhamos tem que dar pra pagar aluguel, comprar comida, já que a PROACE (Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis) só garante uma refeição diária, pagar as contas de água e luz e internet, comprar produtos de limpeza para casa, roupas e higiene pessoal e pagar o nosso transporte para a faculdade, já que segundo a PROACE se temos uma aula às 7 da manhã no campus II e outra às 20 horas só usaremos o transporte público uma única vez para ir e outra para voltar.

Eu sinceramente gostaria de saber se a PROACE, o nosso excelentíssimo reitor, o governo que manda a verba, os administradores do financeiro da faculdade tem noção da região na qual essa universidade se encontra e da população a qual ela atende, mas se eles não tem essa noção, sem problemas eu digo, estamos na região MAIS POBRE DO ESTADO DE MINAS GERAIS, a assistência estudantil aqui deveria receber atenção especial dado a situação de vulnerabilidade social da região, como essa universidade espera formar um jovem pobre que não tem o que comer e só depende dos auxílios da faculdade para continuar estudando?

“Gostaria de saber se eles almoçam e jantam, se tomam café da manhã, se comem no final de semana e feriados”, palavras de uma amiga minha as quais faço minhas também.

Estudante que não precisa recebe assistência

Alguns de vocês ao lerem isso podem estar pensando “esse cara só está falando isso porque deve estar com raiva” e sim eu estou com raiva, e estou com raiva porque mais uma vez voltei pra casa com fome, porque hoje as marmitas não deram nem pra o almoço, eu espero todos os dias na fila da janta porque não fui capaz de prever que ficaria doente no semestre passado e atestado médico não abona falta e com isso perdi meu auxílio alimentação, porque vejo gente que tem empregada em casa que faz almoço todo dia pegando marmita, pessoas que tem pais que dão R$ 500,00 para se divertir na cidade trabalhando na bolsa atividade, porque já vi pessoas com carro na garagem pegando vale transporte, porque vejo em outras universidades, onde existe RU, as pessoas que nem são estudantes comerem a 1REAL o prato no bandejão, os estudantes que não ganham auxílio alimentação comendo a 50 centavos e quem ganha comendo DE GRAÇA, almoço e janta, com direito a sobremesa incluindo sábados domingos e feriados, porque estão nos prometendo moradia e RU HÁ 4 ANOS! Esse era só um recadinho que eu queria dar pra vocês da PROACE.

OUTRO CASO

Uma estudante, que prefere não se identificar, procurou o Portal Aconteceu no Vale no dia 29 de abril para denunciar os atrasos na bolsa permanência. Segundo a estudante o benefício deveria ser depositado nas contas dos estudantes entre os dias 15 e 20 do mês, no entanto, até esta quarta-feira (30) ainda não tinham recebido.

Ainda segundo ela, os estudantes já estão desesperados devido às contas estarem todas atrasadas. Para muitos dos estudantes de baixa renda, o auxílio é a única forma de pagarem aluguel. A estudante relata ainda que ao procurarem a PROACE, são informados que o pagamento não foi feito devido a atrasos nos repasses feitos pelo MEC.

Enviamos um pedido de esclarecimento para a PROACE e para o MEC e aguardamos explicações sobre a situação apresentada neste artigo.

NOTA DE ESCLARECIMENTO DA PROACE

Leia a nota de esclarecimento enviada ao Portal Aconteceu no Vale pela PROACE – Clique aqui.

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