Repúdio e denúncia contra violência sexual crescem na internet

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Caladas desde a infância e a adolescência, mulheres vítimas de estupro, que sentiam vergonha de expor o próprio caso diante da cultura machista brasileira, encontraram um canal aberto para tirar o nó da garganta. O movimento “#Eu não mereço ser estuprada”, criado pela jornalista de Brasília Nana Queiroz e outras 13 participantes, no último sábado, registra na manhã desta terça-feira, 01 de abril, 45,8 mil adesões na internet. São relatos corajosos de mulheres com pouca ou nenhuma roupa, anônimas ou famosas, magras ou cheinhas, exibindo no próprio corpo os dizeres da campanha e suas derivações, que já recebeu o apoio de artistas, como o da cantora baiana Daniela Mercury e da funkeira Valeska Popozuda.

(Nana Queiroz iniciou protesto no Facebook e tem quase 46 mil seguidores)

“Eu sou minha”, “Tire o seu machismo do meu corpo”, “Meu corpo, minhas regras”, “Eu e minha filha não merecemos ser estupradas” são alguns dos “gritos” publicados pelas apoiadoras do movimento e até por alguns homens, que saíram em defesa das vítimas.

“Os crimes não acontecem no beco escuro ou no ponto de ônibus, mas sim no quarto ao lado, com a participação do próprio pai, do primo, de um amigo da família”, denuncia Nana Queiroz, que ouviu o depoimento de uma mulher abusada durante a vida inteira pelo próprio pai. Pela primeira vez, ela criou coragem para se abrir sobre o abuso.

A ação acontece após o resultado de uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que apontou que a maioria dos brasileiros acha que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Segundo o Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips), 65,1% das pessoas – incluindo homens e mulheres – concordaram com essa informação. Já 58,5% concordam com a afirmação “se mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”.

“Não tem a ver com a roupa, mas sim com a mentalidade das pessoas. A culpa é do estuprador e de uma sociedade doente que pensa ser normal culpar as vítimas”, defende Nana Queiroz. Ela lembra que, em um dos posts publicados na página, o uso de rímel em excesso foi acusado de ser provocar o aumento dos casos de estupro em mulheres de países islâmicos.

Paralelamente, a jornalista passou também a sofrer ameaças, em menor número, com a publicação de mensagens agressivas em defesa do crime de estupro. Um deles deixou a jornalista particularmente chocada: num perfil, que já foi apagado, um homem disse que já tinha cometido o crime e faria de novo. Ela decidiu dar queixa na Delegacia da Mulher. A Polícia Federal já está investigando o caso.

Proteção

ONDE PROCURAR AJUDA

Divisão da Mulher, do Idoso e da Pessoa com Deficiência

Rua Aimorés , 3.005, Barro Preto, Belo Horizonte

Telefone: (31) 3291-2931

Núcleo de Atendimento às Vítimas de Crimes Violentos (NAVCV)

Belo Horizonte

Av. Amazonas, 558 – 4° andar, Centro

Telefone: (31) 3270-3294

Horário de funcionamento: das 8h às 18h

Email: navcvbh@gmail.com

Montes Claros

Rua Tiradentes, nº 422 – Centro

(38) 3229-8515

Horário de funcionamento: das 8h às 18h

Email: navcvmoc@yahoo.com.br

Ribeirão das Neves

Rua José Bonifácio Nogueira, n° 130 – Bairro São Pedro

Telefone: (31) 3627-2570

Horário de funcionamento: das 8h às 18h

Email: navcv.rn@gmail.com

Governador Valadares

Em processo de reabertura. Até o momento, não possui sede

Telefone: (31) 3270-3294

E-mail: navcvbh@gmail.com

(Fonte: Polícia Civil / Estado de Minas)

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