Estiagem atípica no início do ano faz Minas Gerais arder em chamas

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A falta de chuva, principalmente em janeiro passado, e a consequente baixa umidade relativa do ar, atípica nessa época do ano, fizeram aumentar o número de incêndios florestais e queimadas em Minas no início de 2014.

As unidades de conservação estaduais sofreram: até os últimos dias de fevereiro, a área interna queimada superava em mais de 500% a registrada nos dois primeiros meses de 2013. Para evitar a propagação das chamas e debelar o fogo, o Estado vai contratar 330 brigadistas. O edital foi publicado no último dia 24.

De acordo com o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), nos dois primeiros meses do ano passado 12 incêndios florestais consumiram 50,17 hectares das unidades de conservação. Já de 1º de janeiro a 23 de fevereiro de 2014 houve 25 registros, com a destruição de 313,58 hectares, ou 525% a mais.

No mesmo período, a área queimada no entorno das unidades caiu de 30,98 hectares em 2013 para 25,99 hectares em 2014. No entanto, o número de ocorrências subiu de sete (2013) para 11 (2014) em janeiro e fevereiro.

Fora do padrão

Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), apesar de o período chuvoso em Minas acontecer em janeiro e fevereiro, historicamente sempre foram registrados incêndios florestais nessa época do ano. Na maioria dos casos, porém, de pequena intensidade.

Diretor de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais e Eventos Críticos da Semad, Rodrigo Bueno Belo diz que embora os efeitos da estiagem prolongada de 2014 já sejam visíveis, com maior número de ocorrências e severidade dos casos, ainda é cedo para saber se o ano será problemático no que diz respeito a queimadas e incêndios florestais.

“Mas, se não chover até o fim de março, teremos problemas sérios. Nossa preocupação é como vamos trabalhar caso essa tendência se concretize”.

Reviravolta

Belo lembra que 2013 começou ruim, com incêndios e queimadas, mas terminou sendo um ano positivo para o meio ambiente, com redução de 75% nas ocorrências em comparação com 2012.

A área queimada também foi 57,4% menor em relação à média histórica registrada nos últimos seis anos. Já em relação a 2012, a queda foi ainda mais significativa. A área de preservação destruída por incêndios foi 78% menor.

Período mais crítico pode ser antecipado

As unidades de conservação da Regional Rio Doce do Instituto Estadual de Florestas (IEF) escaparam ilesas dos incêndios até agora. Em 2013, o fogo consumiu 3,50 hectares do Parque Estadual do Rio Doce, em Marliéria.

Segundo o tenente Ricardo da Silva, do 6º Batalhão de Bombeiros Militares (6º BBM), com sede em Governador Valadares e responsável por 61 municípios da região, as chuvas intensas em dezembro deixaram a vegetação verde por mais tempo em janeiro.

A preocupação é com a falta de chuvas que pode antecipar a estiagem para maio ou até abril. O período crítico na região é de junho a setembro.

“Temos que trabalhar pesado com a prevenção”, diz, alertando que a falta de aceiros ainda é o grande problema na região. Em 2013, o Batalhão registrou 107 incêndios na área de atuação, sendo o primeiro em maio. O maior deles ocorreu em agosto no Monumento Natural Pico da Ibituruna, em Valadares, com a queima de 235 hectares do principal patrimônio histórico e paisagístico da cidade.

Seleção para contratar batalhão de brigadistas

Para combater os incêndios florestais, a Semad fará um processo seletivo simplificado para contratação emergencial e temporária de 330 brigadistas. O edital foi publicado no Diário Oficial do Estado.

Do total de vagas, 284 são para brigadistas e 46 para líderes de brigada. Os aprovados vão atuar nas unidades de conservação estaduais em atividades de prevenção, monitoramento e combate aos incêndios florestais.

O profissional cumprirá carga horária de 40 horas semanais, conforme demanda das unidades.

O salário para o brigadista é de R$ 724 mais R$ 289,60 de insalubridade. O líder vai receber R$ 1.158,40 mais R$ 289,60. Todos os candidatos farão teste de aptidão física e de habilidade no uso de ferramentas agrícolas.

Para a Ibituruna, em Valadares, serão sete vagas. As inscrições devem ser feitas até 11 de março em www.meioambiente.mg.gov.br.

(Foto ilustrativa)

(Jornal Hoje em Dia)

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