Anderson Domingos da Silva produz cafés especiais, no município de Divino, na região conhecida como Matas de Minas, e lançou mão da criatividade para otimizar a lida com o café. Ele conta que nem sempre tinha tempo de mexer o café no terreiro para a secagem correta e, com isso, alguns grãos mofavam. Assim, teve a ideia de inventar uma máquina que pudesse fazer o trabalho, enquanto cuidava de outras atividades no sítio Árvore Bonita.
A invenção rendeu ao produtor o segundo lugar no 7º Prêmio Emater-MG de Criatividade Rural, promovido neste ano. Aproveitando o terreno que foi a antiga residência da família, a água de um riacho e encaixando peças de materiais reciclados, o produtor inventor criou o terreiro de café mecanizado ecológico.
O terreiro é composto por uma roda d’água, fios de aço, pás de madeira e engrenagens que controlam a velocidade que o café será moído. O funcionamento inicia com a roda d’água que aciona um sistema de engrenagens e de fios de aço que movimenta as pás de madeira que movem o café. O terreiro ainda foi dividido em microlotes com o objetivo de possibilitar uma melhor secagem do grão.
A máquina consegue mexer o café de todo o terreiro em três horas e o processo pode ser feito durante o dia ou à noite, com sol ou chuva. Para fazer um terreiro que protege o café, Anderson Silva se inspirou nas coberturas móveis dos terreiros de cacau. O produtor conta que está feliz com o resultado. “A criação deste terreiro facilitou muito meu trabalho, permitiu uma diminuição de custos, não preciso de pagar alguém para mexer o café no terreiro e posso fazer outras coisas. Enquanto estou dormindo, o café está sendo mexido. Além disso, diminuiu a perda dos grãos”, comemora.
A invenção que não utiliza eletricidade e ainda devolve a água para a mina demorou dois meses para ficar pronta. Os gastos foram apenas com cimento, já que utilizou materiais reciclados.
De acordo com a extensionista da Emater-MG no município, Emanuella Costa Torres, o terreiro mecanizado facilita o trabalho do produtor, principalmente, por se tratar de café especial. “O processo de pós-colheita é de extrema importância para a qualidade final do café. Com o terreiro mecanizado, ele consegue dividir o café em microlotes para fazer a secagem, além de evitar problemas com mofo e chuva”, diz.
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Trabalho em família
Nos 12 hectares da propriedade, Anderson da Silva também investe no cultivo de laranja e mexerica, mas é o café que garante a renda da família. Produtor há mais de trinta anos de café commodity, há um ano resolveu se dedicar à produção do especial e já conquistou prêmios. Em 2020, foi o primeiro colocado no Concurso Regional de Qualidade de Café da Região de Muriaé, na categoria Cereja Descascado.
Por trás do sucesso, está a dedicação da família. A mulher e as filhas auxiliam na lida da lavoura de café, que tem uma produção de 60 sacas, e a intenção deles é duplicar.
Com 18 anos, Lavínia de Sousa Silva diz que pretende seguir os passos do pai. “Quero continuar trabalhando na lavoura, ganhar mais prêmios e melhorar ainda mais a qualidade do nosso café”, afirma.
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