Riqueza cultural do Vale do Jequitinhonha é celebrada em audiência na ALMG

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Muita música ao vivo, poesia e depoimentos emocionados marcaram audiência pública da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada nesta quarta-feira (20/10/2021). A reunião foi para marcar os 15 anos do falecimento do poeta, cantor e compositor Mark Gladston e do percussionista, pesquisador popular e “luthier” em tambor de língua Fernando Mota Tião. 

Os dois artistas, da cidade de Minas Novas (Vale do Jequitinhonha), morreram em um acidente de carro na BR-116, no auge de suas carreiras. Fernando Mota Tião foi baterista da banda Sagarana, que misturava ritmos regionais, e lançou um disco em homenagem a Guimarães Rosa. A partir de pesquisas populares, criou o tambor de língua, cuja sonoridade é baseada no toque de sons indígenas.

Mark Gladston era cantor e compositor e sempre valorizou o Vale do Jequitinhonha em suas composições. Sua música mais lembrada é Jequitivale, considerada por moradores da região como um hino, por falar de características regionais como o rio Fanado, que passa pela cidade de Minas Novas, e o tambor do rosário, tradicional do congado mineiro. 

O deputado Doutor Jean Freire (PT) disse que lembrar os dois artistas é também lembrar e valorizar a riqueza cultural do Vale do Jequitinhonha como um todo. “Homenageando-os, homenageamos todos. Eles deixaram um legado que nos dá energia e força para continuar nossa luta. São talentos que inspiram as novas gerações”, afirmou. 

O músico Rubinho do Vale, que gravou com Mark Gladston, destacou o papel fundamental que a arte e a cultura exercem em nossas vidas. “Quando saudamos esses dois artistas, estamos saudando a cultura brasileira e mineira. Eles partiram de forma tão prematura, mas saudamos a vida e agradecemos pelo instrumento, a palavra, a música que nos deixaram”. 

Instrumento de transformação

Representando a família de Mark Gladston, Yany Mabel Nunes e Sousa ressaltou que os dois artistas tinham um pensamento progressista e encaravam a cultura como um instrumento de transformação e evolução humana. “Eles queriam proporcionar, por meio da arte, um mundo mais justo, mais fraterno e acolhedor. Penso que isso é de extrema importância para o nosso País atualmente. Precisamos da nossa cultura, do nosso artesanato, viola, ciranda, congado, mais do que nunca. O Vale é uma região muito rica e potente”.

Cunhado de Fernando Mota Tião, José Pinheiro Torres Neto conheceu o percursionista quando jovem e destacou que na época do acidente ele já morava em São Paulo e estava conseguindo exportar tambores de língua para o exterior. Ele, então, foi ao microfone e demonstrou como tocar o tambor. “Muitos artistas consagrados, como Maurício Tizumba, tocaram o tambor e, nas mãos de quem sabe tocar, ele tem um som muito impressionante, eu estou apenas fazendo uma demonstração”.

Em vários depoimentos, familiares leram poemas e textos de autoria dos músicos falecidos, levando os presentes às lágrimas. Presidente da comissão, o deputado Bosco (Avante) se disse muito emocionado. “Estes jovens artistas tiveram uma carreira curta, mas deixaram sua marca na cultura mineira”. Ao final da reunião, deputados e familiares cantaram Jequitivale para homenagear os dois músicos de Minas Novas. 

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