Psicóloga agride criança autista em Coronel Fabriciano

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Um menino de 8 anos, portador de autismo moderado, foi agredido pela psicóloga que o atendia em Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, na quarta-feira (15/9/2021). A criança apanhou e foi proibida de lanchar por ter errado uma figura que representava os alimentos que ela consumia. A atividade fazia parte da terapia.

De acordo com a mãe da vítima, que preferiu não se identificar, há câmeras de segurança na residência da família e que flagraram as agressões. “Ela apertou o braço dele e ele chorou muito; beliscou a mão dele; apertou o rosto e o arrastou para cima do sofá, como se ele fosse qualquer coisa”, se indignou a mãe. Ela foi avisada sobre as agressões pelo outro filho, também de 8 anos, que é irmão gêmeo da vítima.

O menino contou que, além das agressões, a psicóloga também não deixou com que o irmão autista lanchasse. “O meu filho não fala e uma das atividades que ela desenvolvia com ele era mostrar as figuras que estavam no lanche. Por exemplo, se ele queria o biscoito ele mostrava e ela dava a ele. Na hora do lanche ele errou a figura e ela o agrediu”, contou a mãe.

Logo após saber do ocorrido, a mãe acionou a Polícia Militar e registrou o boletim de ocorrência. Como os pais do menino trabalham fora, a casa sempre teve câmeras de segurança e a mãe viu todas as agressões pelas imagens.

Além da vítima, estavam lanchando no local o irmão gêmeo e a outra filha do casal, uma menina de 7 anos. Uma empregada doméstica que cuida dos afazeres da casa e das outras crianças também estava na casa, mas ela não presenciou as agressões. 

“Eu achei que estava fazendo o melhor para meu filho”

A mãe do menino conta que a psicóloga trabalhava de forma particular com a família há quatro anos e que passava quatro horas na escola com a vítima e quatro horas em casa realizando terapia com a criança. “Era uma pessoa que eu confiava muito e eu achei que estava fazendo o melhor para meu filho”, relatou a mãe.

Segundo ela, não tinha ocorrido ainda nenhum registro de agressividade da psicóloga com o filho. “Que eu saiba nunca teve nada. A gente fica muito triste com o que aconteceu. Meus outros filhos também ficaram muito assustados com o que aconteceu”. A mulher disse que está dando todo carinho para a vítima e que espera que ele esqueça o que aconteceu.

Psicóloga diz que o tratamento com o menino tinha que ser de forma mais enérgica

Após assistirem as filmagens com as agressões, os policiais foram até a casa da psicóloga e a mulher foi presa. Ela disse aos policiais que é pós-graduanda em psicologia e que “o procedimento (as agressões) faz parte do tipo de intervenção necessária no tratamento que a criança necessita e que os pais sabem que esta deve ser feita de forma enérgica”, diz o boletim de ocorrência.

A mãe disse que jamais permitiria qualquer agressão contra o filho e que pagava a profissional para ajudar no desenvolvimento terapêutico do menino. “Jamais imaginaria que ela iria agredir ele”, conclui.

A mulher presa, as imagens das agressões, os pais e a criança foram levados para a delegacia. A Polícia Civil informou que “a suspeita, de 29 anos, foi levada para à Delegacia de Plantão em Ipatinga, onde foi autuada em flagrante pelo crime de maus-tratos qualificado e em seguida, encaminhada ao sistema prisional”.

O delegado Jorge Caldeira, que cuida do caso, disse que a psicóloga pode pegar até quatro anos de prisão. “Ficou realmente verificado que essa cuidadora estava praticando violência, lesões corporais contra uma criança de 8 anos diagnosticada com autismo. Ela foi autuada em flagrante e encontra-se presa no presídio de Timóteo, a disposição da Justiça, respondendo por um crime cuja pena pode chegar a quatro anos”, afirmou.

O delegado ainda deu dicas para os pais quando as crianças tiverem aos cuidados de terceiros para terem atenção a qualquer comportamento diferente. “Vale observar o comportamento da criança, filmar a convivência entre cuidadores e esses menores e sobretudo observar o comportamento. As crianças vítimas de violência demonstram muito medo e nervosismo”, conclui. 

O Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG) disse que “foi notificado sobre o fato e está juntando informações para análise e providências cabíveis”. A reportagem não conseguiu contato com a defesa da suspeita, mas o espaço está aberto, caso a defesa queira se manifestar.

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