O agronegócio mineiro não só continuou trabalhando durante a pandemia de covid-19, garantindo o abastecimento do mercado interno, como ainda alcançou, no período de janeiro a novembro, o segundo melhor resultado da série histórica da Balança Comercial no estado. Com US$ 7,97 bilhões em exportações, Minas Gerais já superou em 9,6% as vendas do mesmo período de 2019, quando registrou US$ 7,26 bilhões.
Para se ter ideia da importância do setor, as vendas externas dos produtos agropecuários representaram 33,9% de toda a pauta de exportações do estado. Este é o maior percentual de toda a série histórica, que teve início em 1997. As importações registraram pouco mais de US$ 651 milhões, gerando um saldo superavitário de US$ 7,31 bilhões.
Destaques
Conforme a assessora técnica da Superintendência de Inovação e Economia Agropecuária (Siea) da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Manoela Teixeira de Oliveira, os meses de maio e novembro foram os que mais contribuíram para este valor tão positivo na balança comercial, tendo contabilizado US$ 1,01 bilhão e US$ 780 milhões, respectivamente.
“Em maio, a soja foi o principal item que trouxe incremento à receita, principalmente por causa da alta demanda chinesa. A demanda da nossa soja pelos países asiáticos trouxe US$ 453 milhões a mais que em 2019. Já em novembro, o café foi o destaque, puxado pelo aumento de compras da Alemanha, Estados Unidos, Bélgica, Itália e Japão, principalmente, e, também, pelo aumento do preço da commodity no mercado internacional”, explica a assessora técnica.
Café
O café, produto mais expressivo na pauta de exportações, somou US$ 3,39 bilhões no período, um crescimento de 5,5% em comparação ao ano anterior. O volume também teve um incremento de 1,6% e chegou a 25,2 milhões de sacas.
Os produtores mineiros enviaram café para 86 países, sendo cinco deles estreantes: Venezuela, Quênia, Cazaquistão, Costa Rica e Cuba. O ranking dos principais destinos foi liderado por Alemanha (US$ 710 milhões), Estados Unidos (US$ 652 milhões), Bélgica (US$ 309 milhões), Itália (US$ 305 milhões) e Japão (US$ 228 milhões).
Já o complexo soja acumulou US$ 1,76 bilhão nos 11 primeiros meses do ano, sendo o grão o carro-chefe, com US$ 1,56 bilhão (89% do segmento). A receita contabilizada do setor aumentou 25,6%, devido à alta demanda da China, principalmente. “A peste suína, que dizimou mais da metade do rebanho chinês, impactou na aquisição do grão, que é utilizado como insumo para alimentação deste animal. A doença e a pandemia foram os principais fatores que elevaram a receita das vendas da soja mineira”, pontua Manoela Teixeira.
O complexo sucroalcooleiro registrou US$ 990 milhões e 3,5 milhões de toneladas exportadas, acréscimos de 60,7% e 61,4%, respectivamente. China e Bangladesh foram os principais destinos, aumentando as compras neste setor em 140% e 128%.
Dentre todos os 170 países que foram parceiros comerciais de Minas Gerais em 2020, os cinco principais destinos foram China (US$ 2,18 bilhões), Estados Unidos (US$ 792 milhões), Alemanha (US$ 785 milhões – 10,0%), Itália (US$ 375 milhões) e Japão (US$ 328 milhões).
Políticas públicas
O superintendente de Economia e Inovação Agropecuária da Seapa, Carlos Eduardo Bovo, comemora o superávit do setor em 2020. “No começo do ano, devido à pandemia, a gente não tinha conhecimento do que iria acontecer. Mas, em razão da estruturação do setor e do grau de profissionalismo do nosso agro, vimos que os produtores conseguiram reagir e trazer excelentes resultados em um ano tão atípico”, pondera.
Ainda segundo ele, além do trabalho de toda a cadeia produtiva da agropecuária do estado, é importante destacar que este resultado também está atrelado a uma série de políticas públicas desenvolvidas pelo Governo de Minas, por meio da Seapa.
“Tudo está atrelado, por exemplo, à assistência técnica e à extensão rural, oferecidas em Minas pela Emater-MG, que orienta e prepara os produtores; à pesquisa agropecuária, da Epamig, que leva todas as descobertas e novas tecnologias para nossos produtores obterem uma maior produtividade; e, por fim, à defesa agropecuária do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que realiza um importante trabalho para atestar a segurança da nossa produção e, assim, viabilizar o acesso a novos mercados”, lembra Bovo.
O superintendente destaca, ainda, os resultados alcançados a partir da implementação da tecnologia na agropecuária. “Levar internet para o campo, usar a inteligência artificial dentro do setor e uma série de outras inovações tecnológicas agropecuárias possibilitam que continuemos obtendo ganhos de produtividade, de segurança e na busca por novos mercados”, ressalta.
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