Tabagismo pode agravar Covid-19

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A luta contra os males causados pelo fumo inclui, agora, batalha contra a covid-19. O tabagismo, considerado pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é um dos fatores de risco para transmissão do coronavírus. Devido a um possível comprometimento da capacidade pulmonar, o fumante tem mais chances de desenvolver sintomas graves da doença.

Reconhecido como doença crônica, o tabagismo é causado pela dependência à nicotina, substância psicoativa presente nos produtos à base de tabaco, altamente cancerígena. De acordo com a Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), o tabagismo integra o grupo de transtornos mentais e comportamentais, em razão do uso de substância psicoativa. É também considerado a maior causa evitável isolada de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o tabaco causa diferentes tipos de inflamação e prejudica os mecanismos de defesa do organismo. Por esse motivo, os fumantes têm maior risco de infecções por vírus, bactérias e fungos, além de serem acometidos com mais frequência por infecções respiratórias como sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose.

Impactos

Os impactos causados pelo tabagismo ultrapassam os limites dos danos individuais; repercutem no ambiente, na saúde pública e na economia. De acordo com a coordenadora de Promoção da Saúde e Controle do Tabagismo da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Nayara Resende Pena, 12,6% de todas as mortes que ocorrem no Brasil são atribuíveis ao tabagismo. “São gastos a cada ano R$ 56,9 bilhões com despesas médicas e perda de produtividade devido ao tabagismo. No cenário atual de pandemia pela covid-19, o impacto para a saúde da população é maior ainda, visto o aumento do risco do agravamento da doença em fumantes,” diz.

Pesquisa de comportamento da Fundação Oswaldo Cruz, feita em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas, com finalidade de avaliar como a pandemia afetou ou mudou a vida das pessoas, mostra que houve um aumento do consumo de cigarros entre os fumantes. No Brasil, entre os fumantes que responderam, quase 23% aumentou cerca de dez cigarros por dia e 5% aumentou mais de 20 cigarros por dia durante a pandemia.

O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral, chama a atenção para esse aumento considerável da quantidade de fumaça inalada e alerta a população sobre a necessidade de cessar o hábito de fumar. “É urgente a mudança de mentalidade em relação ao consumo de tabaco. Precisamos nos unir, em força-tarefa entre o poder público, sociedade civil, iniciativa privada e mídia, no combate dessa pandemia, que mata cerca de 428 pessoas por dia no Brasil”, reforça. 

Em Minas Gerais, a decisão de parar de fumar encontra incentivo em políticas públicas do governo estadual, que oferece para a população serviços habilitados para o tratamento do tabagismo em 844 municípios. Até julho deste ano, 52.968 atendimentos foram realizados nas Unidades de Atenção Primária à Saúde devido ao tabagismo, segundo dados do sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab).

Ajuda

A pessoa que deseja parar de fumar e precisa do apoio profissional deve procurar a Unidade de Atenção Primária à Saúde  mais próxima de sua residência.

Neste momento da pandemia, a orientação é que os atendimentos sejam realizados de forma individualizada. Anteriormente, a maioria dos atendimentos eram coletivos. Além disso, o atendimento de forma remota (telefone, videochamada ou outra ferramenta) tem sido orientado para o tratamento do tabagismo e segue a mesma diretriz do presencial.

A data

O Dia Nacional de Combate ao Fumo, lembrado em 29 de agosto, foi criado em 1986 pela Lei Federal 7.488. A data inaugura a normatização voltada para o controle do tabagismo como problema de saúde coletiva.

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