Grande número de acidentes rodoviários, mortes, apreensão de armas de fogo e drogas, além de tentativas de saques de caminhões acidentados. De acordo com a Polícia Militar Rodoviária, os problemas que três rodovias estaduais do entorno de Itabira (Região Central) vêm trazendo para a população vão muito além de dificuldades no deslocamento.
Durante a noite desta quinta-feira (21/11/19), a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou audiência pública no Plenário da Câmara Municipal de Itabira para ouvir as queixas de moradores e buscar soluções para a precariedade das estradas. No encontro organizado pela Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas, a administração municipal confirmou ao menos uma boa notícia: devem começar até janeiro as obras para construção de dois trevos de acesso à cidade, locais onde ocorrem frequentes acidentes.
De acordo com o secretário de Obras, Transporte e Trânsito de Itabira, Ronaldo Pires, a construção dos trevos de Itabiruçu e do bairro João XXIII será realizada com recursos próprios da prefeitura, a partir de um convênio recentemente assinado com o Estado para delegação provisória dos trechos ao município. Serão investidos R$ 4,5 milhões nos dois trevos.
Um dos parlamentares presentes na reunião, o deputado Tito Torres (PSDB) chamou atenção para o fato de o município estar assumindo uma obrigação que é do Estado. “O Governo do Estado deve à Prefeitura de Itabira quase R$ 60 milhões, e é o município que vem ajudando o Estado”, ressaltou o deputado.
A reunião desta quinta-feira foi requerida pelo deputado Léo Portela (PL), que atendeu solicitação do vereador André Viana. “Itabira tem a sétima maior arrecadação de Minas Gerais. Mesmo sendo uma cidade que contribuiu tanto para o desenvolvimento do Estado, não é respeitada. Não tem nem um trevo de acesso à cidade”, indignou-se o vereador.
O deputado Léo Portela destacou o abandono da estrutura onde o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER-MG) deveria ter instalado uma balança para monitoramento de cargas rodoviárias, na MG-129. A estrutura foi construída mas a balança nunca chegou. A mesma paralisia aconteceu com relação à construção de uma terceira pista no trecho que liga Itabira à BR-381. “Já estivemos diversas vezes no DEER e não conseguimos avançar”, lamentou Léo Portela.
Trecho de 65 quilômetros registrou 74 acidentes entre janeiro e setembro
A falta da balança de fiscalização de cargas agrava a degradação das rodovias estaduais MG-434, MG-129 e MGC-120. Uma extensão de 65 quilômetros, que abrange essas três estradas, vem sendo utilizada por muitos caminhoneiros como uma alternativa a um trecho de serras da BR-381, que causa grande desgaste aos veículos.
O problema é que essas rodovias estaduais não foram projetadas para um fluxo tão intenso e pesado. De acordo com a Polícia Militar Rodoviária, nesses 65 quilômetros ocorreram 74 acidentes entre janeiro e setembro de 2019, bem mais que uma ocorrência por quilômetro. O segmento mais perigoso é a MGC-120, que liga Itabira a Nova Era. Sem acostamento, ela foi responsável por 49 desses 74 acidentes.
O 2º tenente PM Wellington Caldeira, comandante do Grupamento da Polícia Militar Rodoviária de Itabira e região, ressaltou durante a reunião com os parlamentares que os acidentes rodoviários não são o único problema. Nessas estradas, desde o início de 2019, foram apreendidas 40 armas de fogo e, nos últimos três meses, 50 quilos de drogas. Segundo ele, são frequentes as tentativas de saques de cargas de caminhões acidentados.
O comandante lamenta que a escassez de iluminação ao longo dessas estradas dificulta a fiscalização. Um dos participantes da reunião, Tonny Morais, afirmou que uma série de 14 quebra-molas da MG-129 tornam o tráfego dos caminhões ainda mais lento, agravando o perigo de assaltos, especialmente de madrugada.
Moradores do Bairro de Chapada, que é cortado pela MG-129, também se queixaram da falta de um estacionamento adequado para os caminhões, o que sujeita os condutores a multas quando eles decidem parar no local para comprar alguma coisa.
As multas frequentes do DEER, segundo os moradores, estão prejudicando o comércio local. “Em vez de trazer solução para os problemas da rodovia, o DEER vem fazer a indústria da multa”, criticou o vereador André Viana. “A vontade descabida de arrecadar é maior do que a preocupação com a qualidade do serviço prestado”, também lamentou o deputado Léo Portela.
O presidente da Câmara de Itabira, Heraldo Noronha, também participou da reunião. O vereador Allaim Gomes chamou atenção para o abandono de alguns terrenos do Estado no centro de Itabira, áreas de grande valor e que poderiam ser melhor aproveitadas.
Ao final da reunião, o deputado Léo Portela informou que serão apresentados requerimentos solicitando diversas providências ao Estado. Uma das solicitações será de uma audiência com o governador Romeu Zema para discutir, entre outras questões, a necessidade de instalação da balança rodoviária na MG-129.
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