Soltar pipa é uma brincadeira muito popular em Minas Gerais, mas ela precisa ser acompanhada de perto pelos pais e responsáveis para não trazer riscos à segurança da população. Somente no ano passado, ocorreram 2.202 ocorrências na rede elétrica na área de concessão da Cemig, prejudicando 750 mil unidades consumidoras, residenciais e comerciais,
Nos primeiros cinco primeiros meses de 2019, na Região Leste de Minas, foram registrados 36 desligamentos provocados pelo contato de pipas com a rede elétrica, prejudicando mais de 6 mil famílias. Em todo o Estado, foram mais cem mil clientes que ficaram sem energia por 438 interrupções causadas por pipas.
O uso do cerol – mistura cortante feita com cola, vidro e restos de materiais condutores – é um dos principais causadores dos desligamentos, pois rompem os cabos quando entram em contato com a rede elétrica. Além disso, muitos curtos-circuitos são provocados pela tentativa de retirada de papagaios presos aos cabos.
De acordo com o engenheiro Segurança do Trabalho Demetrio Aguiar, da Cemig, alguns procedimentos devem ser adotados para que não haja risco à segurança nem ocorram interrupções no fornecimento de energia durante a brincadeira. “As pipas devem ser empinadas em locais abertos e afastados da rede elétrica. Jamais se deve usar fios metálicos ou cerol e, caso a pipa fique presa, não Se pode tentar resgatá-la”, orienta.
Ainda, Demetrio Venicio Aguiar alerta sobre os riscos de um tipo de linha cortante feita em escala industrial, chamado de “linha chilena”, que, por ser um produto industrial, é mais perigoso que o cerol. Tanto o cerol quanto a “linha chilena” podem causar acidentes graves com as pessoas que os manipulam e também ocasionar acidentes com terceiros, especialmente motociclistas.
Acidentes graves
Demetrio Venicio Aguiar conta que a maioria dos acidentes acontece quando o papagaio fica preso na rede elétrica e as crianças tentam retirá-lo utilizando materiais condutores, como pedaços de madeira ou barras metálicas. O contato com a rede elétrica pode ser fatal, além do risco de queda em função da reação involuntária causado pelo choque elétrico.
Nesses casos, as consequências mais comuns são traumatismos, devido às quedas, e queimaduras graves por causa dos choques.
O engenheiro chama a atenção, ainda, para o fato de que o uso do cerol pode transformar uma simples linha de papagaio em um material condutor e provocar choque elétrico ao entrar em contato com a rede. Além disso, muitas crianças amarram as pipas com arames e fios. “São materiais altamente condutores de energia e que acabam sendo energizados quando tocam os cabos de energia, causando o choque elétrico”, explica Demetrio Venicio Aguiar.
Crime e multa
A lei estadual 14.349/2002 proíbe o uso de cerol ou de qualquer outro tipo de material cortante nas linhas de pipas, de papagaios, de pandorgas e de semelhantes artefatos lúdicos, para recreação ou com finalidade publicitária, em todo o território do Estado de Minas Gerais. Quem for flagrado usando cerol ou linha cortante está sujeito ao pagamento de multa, que varia de R$ 100 a R$ 1,5 mil, podendo ser agravada.
Além disso, quando menores são flagrados usando cerol e o material provoca acidente, os pais podem ser penalizados por danos a pessoa física, ao patrimônio público ou à propriedade privada.
2019 (Jan a Mai) |
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Região | Quantidade Ocorrências | Clientes Afetados |
CENTRO |
201 |
57.035 |
LESTE |
36 |
6.593 |
MATA |
61 |
14.989 |
NORTE |
22 |
2.500 |
OESTE |
21 |
5.994 |
SUL |
64 |
11.445 |
TRIÂNGULO |
33 |
3.724 |
MINAS GERAIS |
438 |
102.280 |
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(Fonte: Cemig)