Familiares vivem angústia na busca por desaparecidos em Brumadinho

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Dezenas de familiares se aglomeram todos os dias em busca de informações. A cena se repete desde a última sexta-feira (25), quando a Barragem 1 de rejeitos da mineradora Vale se rompeu e deixou um rastro de lama e mais de 270 desaparecidos em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O número de mortos chega a 84.






Na porta de um dos centros de atendimento montados no município, encontramos dois irmãos que buscavam, com fotos nas mãos, qualquer notícia da irmã Gislene, de 53 anos. Edir Lazaro do Amaral é comerciante e conta que ela estava dentro do refeitório da empresa Vale na hora do rompimento da barragem. “Ela passou mensagens às 12h21 para algumas amigas. [Poucos minutos depois], uma vizinha viu a notícia e me avisou lá no restaurante. Até pediu para não avisar a minha mãe. Aí entrei em desespero”, relembra.

Gislene é uma das 276 pessoas consideradas desaparecidas até o momento. Ela trabalhava há 17 anos na Vale e, segundo o irmão, comemorava a compra de um carro novo e ainda cuidava da mãe idosa. “A gente está muito chateado, chorando muito. Está uma tristeza danada. Nem estou abrindo o meu restaurante. Estamos neste sofrimento. Minha mãe é acamada, nós não tivemos condições de avisá-la de imediato, ela ficou sabendo pela televisão”, conta.

Apesar da saudade e da tristeza, para Edir, o mais importante agora é conseguir enterrar a irmã. “A esperança nossa é encontrar pelo menos o corpo dela para a gente ter um enterro digno, porque ela não merecia essa morte”, acrescenta emocionado.

Do outro lado da cidade de Brumadinho, aos pés do que já foi um riacho, encontramos o mecânico Nelson José da Silva Junior. De olhar perdido, observando o mar de lama, ele relembra que nasceu e foi criado ali. São 36 anos aqui, ao lado da barragem. “Não imaginava [isso], né, porque é tudo fiscalizado. Não sabia que a situação era dessa forma. Muita gente que trabalhava lá próximo dizia que tinha perigo [de rompimento], que estava vazando, mas eu mesmo não sabia disso.”

Todos os moradores da região onde vivia Nelson precisaram sair do local assim que a barragem de rejeitos se rompeu. Ele estava trabalhando longe dali. A esposa e o filho, que estavam em casa, conseguiram fugir. Mas, a irmã que trabalhava na Vale continua desaparecida. “Ela trabalhava na medicina do trabalho. E até hoje não temos notícia, nada, nada. Já fomos a hospital, IML, já andei essas matas todas e não encontrei nada.’’

A busca é pela irmã mais nova Fernanda, de 32 anos. Ela comemorava a conclusão recente da tão sonhada faculdade de psicologia. Mas, infelizmente, não poderá participar da Colação de Grau. “Ela estava tão feliz. Chegou a tirar todas as fotos. O pessoal da faculdade ligou pra nossa família, nós ficamos sem saber o que dizer. É muita tristeza.’’

A cada helicóptero que sobe e desce ali, fazendo resgates e buscas, Nelson fala, com lágrimas nos olhos: “Será que é a minha irmã?”

VÍTIMAS IDENTIFICADAS:

Adriano Caldeira Do Amaral
Alano Reis Teixeira
Alex Rafael Piedade
Anailde Souza Pereira
Andre Luiz Almeida Santos
Camila Santos De Faria
Carlos Roberto Deusdedit
Claudio Jose Dias Rezende
Cleosane Coelho Mascarenhas
Cristiano Vinicius Oliveira De Almeida
Daniel Muniz Veloso
David Marlon Gomes Santana
Djener Paulo Las Casas Melo
Duane Moreira De Souza
Edgar Carvalho Santos
Ednilson Dos Santos Cruz
Eliandro Batista De Passos
Eudes Jose de Paula
Fabricio Henriques Da Silva
Flaviano Fialho
Francis Marques Da Silva
Janice Helena Do Nascimento
Joao Paulo De Almeida Borges
Jonatas Lima Nascimento
Leonardo Alves Diniz
Luiz De Oliveira Silva
Marcelle Porto Cangussu
Marcelo Alves De Oliveira
Mauricio Lauro De Lemos
Moises Moreira De Sales
Ninrode De Brito Nascimento
Reinaldo Fernandes Guimaraes
Renato Rodrigues Maia
Ricardo Eduardo Da Silva
Robson Maximo Goncalves
Roliston Teds Pereira
Thiago Mateus Costa
Wanderson Soares Mota
Wellington Alvarenga Benigno
Wellington Campos Rodrigues
Willian Jorge Felizardo Alves
Wiryslan Vinicius Andrade De Souza

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(Fonte: Agência Brasil)

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