Os estudantes beneficiados pela CERP (Casa dos Estudantes de Rio Pardo) estão revoltadas com o anúncio da desativação da Casa a partir do próximo dia 20 de dezembro. O anúncio vem gerando muita polêmica nas redes sociais e os protestos são intensos, inclusive com organização de manifestações em frente à Prefeitura Municipal.
Conforme os estudantes, a desativação foi comunicada verbalmente pelo procurador da Secretaria Municipal de Assistência Social, Delson Júnior, que já foi morador da Casa em sua época de estudante.
Atualmente existem 11 estudantes morando na CERP, que foi criada há 25 anos pelo então prefeito Orlando Santana, cuja administração arcava com todos os custos, como aluguel, alimentação, água, energia, funcionários e até bolsa para os melhores alunos. No início do projeto, a CERP funcionava em um prédio de dois pavimentos e beneficiava 40 alunos carentes. Hoje, o prédio que funciona a CERP está caindo aos pedaços.
Em contato com a reportagem, os alunos demonstraram muito descontentamento com a atitude do prefeito Jovelino Costa, pois, segundo eles, a promessa era de ampliação e não de desativação. “No início do ano, o prefeito esteve na CERP e prometeu ampliar o benefício, inclusive chegou a reclamar das condições estruturais da Casa, mas, agora, para a nossa surpresa ele manda é desocupar a CERP”, reclama a estudante de Educação Física, Lucinha Coutinho, 27 anos, que se formou este ano.
Ainda conforme as informações dos estudantes, a Prefeitura de Rio Pardo estava pagando aluguel, água, energia e um coordenador, mas na Administração de Jovelino foi cortado o pagamento de água e energia, além de dispensar o coordenador. “Jovelino passou a pagar somente o aluguel, que custa R$ 800,00, e o restante das despesas foram divididas pelos estudantes, com isso, alguns desistiram de estudar, pois são muito carentes”, informou Lucinha.
Conforme o estudante de Letras na Unimontes, Élson Dias de Oliveira, 23 anos, a desativação da CERP vai inviabilizar a continuidade de seus estudos. “Faltam 18 meses para minha formatura, mas se a CERP for desativada eu não tenho condições de continuar morando em Montes Claros. Serei obrigado a parar, pois não tenho condições de arcar com todas as despesas”, lamenta Élson, destacando que outros estudantes vivem a mesma situação.
O estudante de Ciências Contábeis, Danilo de Oliveira, 23 anos, é mais contundente em suas críticas. “Isso é um descaso do prefeito, pois o custo da CERP é irrisório para a Prefeitura, além de ser muito importante para a formação dos jovens. Daqui já saíram vários profissionais, que retornaram para Rio Pardo e prestam relevantes serviços à sociedade”, disse Danilo. “E não adianta falar de crise financeira na Prefeitura, pois o prefeito comprou um carro de R$ 80 mil para o gabinete sem nenhuma necessidade, já que existe um veículo Blazer em perfeitas condições”, emendou. “Só com o Cruze que ele comprou dava pra manter a CERP por 08 anos”, finalizou.
A reportagem fez contato com a Secretária de Assistência Social de Rio Pardo de Minas, Janaina Versiane, responsável pela manutenção da CERP, que confirmou a desativação do benefício no próximo dia 20 de dezembro, sendo que um dos motivos alegados é a falta de segurança, além da Casa está beneficiando pessoas que não são carentes.
Nota divulgada pela prefeitura municipal:
“A Administração Pública Municipal, verificando as condições precárias do imóvel da Casa do Estudante de Rio Pardo de Minas – CERP, decidiu pelo encerramento do contrato de aluguel onde está atualmente instalada a CERP por questão de segurança. O encerramento das atividades da CERP, no atual imóvel, ocorrerá na data de 20 de dezembro de 2013, após o encerramento do ano letivo, época em que os alunos retornam para Rio Pardo de Minas.
Importante esclarecer que a Administração Municipal está discutindo ações para colaborar na formação dos estudantes rio-pardenses em situação de vulnerabilidade. Afinal, nossos estudantes têm, merecidamente, todo o apoio desta Administração.
Assim, o Município continuará a prestar assistência às pessoas em situação de vulnerabilidade, as quais necessitam de apoio para se manterem em Montes Claros, com o objetivo de que elas possam conquistar os seus sonhos de um futuro melhor.
Finalmente, a Administração Pública Municipal preza para que seja assegurado à população o direito de uma educação universal e de qualidade”.
Via Jornal Folha Regional