Mulheres vítimas de ranking do sexo em Minas se unem em busca de punição

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O grupo de pelo menos 100 meninas que foi vítima do “ranking do sexo” em Muzambinho (MG) decidiu se reunir para buscar conjuntamente punição dos responsáveis em divulgar a lista. O caso repercutiu nas redes sociais e a mensagem nomeada “TOP 100 Put…de Muzambinho” foi considerada machista por expor a intimidade de mulheres com adjetivos pejorativos. No grupo, as meninas compartilharam histórias e agora tentam encontrar apoio. “Minha colega de trabalho, que também saiu na lista, só chora. Tá com vergonha de sair na rua”, conta uma das vítimas.

A primeira atitude de algumas mulheres foi procurar advogados e fazer boletins de ocorrência na delegacia. As denúncias levaram a Polícia Civil a abrir um inquérito do caso. Para tentar reunir provas e se organizar, criaram um grupo no aplicativo de mensagens, onde trocam informações e dividem a revolta com a situação.

Lista viralizou e expôs mulheres moradoras de Muzambinho (Foto: Reprodução/WhatsApp)

Constrangimento na família e no trabalho

Em vários nomes aparecem referências a amigos e local de trabalho das jovens, o que aumentou a exposição de algumas das vítimas. Muitas contaram quais foram as reações quando descobriram o caso. “Eu acordei de manhã com a mensagem de uma amiga que me perguntou se eu estava sabendo da lista. Não estava. Aí ela me mandou e disse que eu estava lá. Eu não acreditei, tive uma impressão muito ruim”, conta uma delas.

“Me senti constrangida. Todo mundo que me encontra vem conversar comigo, me sinto mal, é muito constrangedor”, conta outra vítima.

Para muitas, lidar com a situação é difícil principalmente na família e no trabalho. “Na hora que um amigo me mandou, eu só conseguia pensar no meu trabalho. Aí chorei. Me perguntei o que eu iria fazer. Colocaram o nome de uma amiga de trabalho e ainda colocou o local onde a gente trabalha”, contou outra vítima.

A menina, de 22 anos, contou como se sentiu ao ver o nome na lista e vários nomes com descrição ofensivas de comportamento. “Foi horrível. Minha mãe estava aqui, chamei minha mãe, meu pai e mostrei pra eles a lista. Antes que eles soubessem de outro jeito, porque a rede social corre. Antes que desse mais problema. Eu também sou mãe. Então fiquei preocupada”.

Repercussão

Nas redes sociais, muitas compartilharam textos e vídeos com mensagem sobre o caso. As vítimas afirmam que a atitude foi infantil, irresponsável e com uma exposição criminosa. Depois de toda a repercussão, muitas pretendem acompanhar os trabalhos da polícia, que vai tentar localizar de onde partiu a lista ofensiva.

Uma das mulheres acredita que a repercussão pode ser ainda maior. “Essa lista pra mim, conforme ela vai passando de mão em mão, ela vai aumentando, porque as vezes meninas que não se gostam e ou até os homens colocam mais nomes lá. Eu entendi isso”.

Uma das advogadas que acompanha as vítimas, Taysa Justimiano, afirma que a repercussão atingiu as meninas.

“Ontem à tarde inclusive ouvi relatos de meninas que estão muito deprimidas e passando por problemas. Algumas são de família mais rígida, algumas religiosas”.

Segundo a advogada, a intenção é conseguir, junto à Polícia Civil, uma investigação mais aprofundada. “Como crime cibernético mesmo, pra desvendar o IP da máquina para tentar chegar a quem elaborou e editou esta lista”.

O delegado Sílvio Sérgio Domingues, que assumiu o caso, disse que diversas mulheres já registraram boletim de ocorrência e que o inquérito vai apurar quem são os envolvidos.

O que as vítimas esperam é a punição de quem começou a compartilhar a mensagem. “Meu advogado orientou a fazer o boletim de ocorrência, não só para rastrear, mas também pelos adjetivos. Estão ferindo a gente. Independente de qualquer coisa, ninguém tem direito de julgar, ninguém tem direito de falar nada”, afirma uma das vítimas.

Ranking

O caso ganhou repercussão após o conteúdo viralizar por meio de compartilhamentos em grupos de mensagens instantâneas na cidade, que tem pouco mais de 20 mil habitantes. Considerado machistas nas discussões em redes sociais, o ranking compartilhado traz o nome de mais de 100 mulheres de várias idades, casadas e solteiras, atribuindo a elas o adjetivo de “put..”.

Em vários dos nomes, o autor atribui às mulheres posições sexuais e ofensas, como “só tem cara de santa”, “a pior”, “quem nunca”, além de várias outras com palavras de baixo calão.

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(Fonte: G1 Sul de Minas / Repórter: Fernanda Rodrigues)

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