Acostumados a atender motoristas e passageiros em acidentes na BR-381, no trecho entre o trevo de Barão de Cocais e Nova Era, na chamada “Rodovia da Morte”, Região Central de Minas, além da BR-262 de João Monlevade à Serra do Macuco, dois socorristas voluntários tiveram na noite desta sexta-feira um fim trágico de uma trajetória heroica, e de certa forma anônima. Há quase quatro anos no Serviço Voluntário de Resgate (Sevor), José Geraldo Pereira, de 58 anos, e Antônio Geraldo de Freitas, de 60, não conseguiram chegar ao objetivo de apoiar o resgaste de vítimas de uma batida na 381. A caminho do local, a ambulância em que estavam foi atingida por uma carreta desgovernada.
A informação da morte dos socorristas emocionou os cerca de 80 integrantes do Sevor e de outros grupos que atuam na perigosa rodovia, como o Anjos do Asfalto, agentes da Polícia Rodoviária Federal, militares do Corpo de Bombeiros e, é claro, pessoas acidentadas e seus familiares, que um dia foram atendidos por esses voluntários, que em suas folgas, se dedicam a prestar os primeiros-socorros às vítimas da violência do trânsito.
Dois socorristas do Sevor morreram no acidente (Foto: Reprodução/Facebook)
O acidente com a ambulância do Sevor ocorreu no começo da noite desta sexta-feira (05/01/2018), no Km 349 da BR-381, entre João Monlevade e Bela Vista de Minas. José Geraldo e Antônio Geraldo, moradores de Rio Piracicaba, onde faziam plantão voluntários, seguiram em direção à Nova Era em apoio a outra equipe da entidade que atendia feridos de uma batida de dois carros.
Tudo seguia normal, como mais um plantão desses heróis anônimos, motivados pelo lema do Sevor: “salvar vidas”. Porém, num trecho de subida da rodovia, eles foram surpreendidos pela carreta em velocidade que derrapou em “L” na pista e bateu violentamente contra a ambulância, que foi jogada para fora da pista. Os dois socorristas chegaram a ser levados para o Hospital Santa Margarida, em João Monlevade, mas morreram antes de serem atendidos.
Dois socorristas do Sevor morreram no acidente (Foto: Reprodução/Facebook)
Acidente é o primeiro grave com equipe de socorrista
O presidente do Sevor, Humberto Guimarães, disse que foi o primeiro acidente grave com equipes da entidade e com fim trágico. “Estamos todos chocados, não só o pessoal do grupo, mas de outras instituições de socorro voluntário. Nos próximos dois, três dias, não iremos para as rodovias, mas voluntários de outros grupos já se dispuseram a manter o serviço. Não podíamos imaginar que um dia viveríamos uma tragédia dessas”.
O Serviço Voluntário de Resgate foi fundado em 4 de novembro de 2000. É uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, apolítica, sem discriminação religiosa ou racial, com sede em João Monlevade. O Sevor é reconhecido como de utilidade pública pelo município e estado.
A principal finalidade da entidade é auxiliar, a nível pré-hospitalar, em situações de emergência ou urgência às vítimas de acidente ou mal súbito, dando amparo à sociedade de um modo geral. Colabora com autoridades municipais, estaduais e federais, quando solicitado ao atendimento de acidentes provenientes de rodovia, área urbana ou em casos de calamidade pública.
O Sevor conta com formação específica de socorristas que em seu dia-a-dia são profissionais das mais diversas áreas, tais como: vendedores, eletricistas, operários de usinas, músicos, profissionais liberais, representantes comerciais, empresários, comerciantes, técnicos em segurança, bombeiros civis, técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, entre outros.
Serviço voluntário 24 horas por dia
O serviço está disponível 24 horas por dia, durante todos os dias do ano, e conta com um grupo de, no mínimo, quatro pessoas para os atendimentos. Para ingressar no grupo, é necessário que o candidato preencha alguns requisitos, tais como idade mínima de 18 anos, ensino médio completo, comprovante de bons antecedentes emitidos pelas Polícias Civil ou Federal, aptidão física e psicológica e seguro de vida.
Todos os voluntários estão sempre passando por capacitação nas áreas de atendimento pré-hospitalar, emergências com produtos perigosos, salvamento em altura, mergulho, salvamento aquático, ente outros. É mantida uma grade mensal de treinamentos para a nivelação de informações entre os voluntários.
Ser voluntário é doar tempo, trabalho e talento para causas de interesse social e comunitário e, com isso, melhorar a qualidade de vida da comunidade. Nas igrejas, nos bairros e comunidades, nos grupos de auto-ajuda e nos clubes, nas associações culturais e esportivas, nas instituições sociais e nas empresas, um número imenso de pessoas ajudam umas às outras e ajudam a quem está em situação mais difícil, ainda que não chamem a si mesmos de voluntários.
Ao doarem sua energia e sua generosidade, os voluntários estão respondendo a um impulso humano básico: o desejo de ajudar, de colaborar, de compartilhar alegrias, de aliviar sofrimentos, de melhorar a qualidade da vida. Compaixão e solidariedade, altruísmo e responsabilidade, são sentimentos profundamente humanos e, também, virtudes cívicas.
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(Fonte: Estado de Minas)