Uma menina com nome de Maria e um homem com uma camisa do Cruzeiro, no mesmo espaço, deveria ser uma situação comum e corriqueira, mas por causa dos xingamentos de futebol esses dois personagens se tornaram protagonistas de uma agressão em uma casa de show de Itaúna, na região Centro-Oeste do Estado. As informações são do Jornal O Tempo.
Um advogado de 24 anos que conversava com a amiga Maria, levou vários socos e cotoveladas no rosto, já que um policial militar vestido com a camisa do Cruzeiro, confundiu a situação com um xingamento para ele – que é comum torcedores de times rivais chamarem os cruzeirenses, de forma pejorativa e misógina, de “Maria”.
Marco Túlio Nogueira, 24, denunciou a agressão pode meio de seu perfil no Facebook. “Realmente por diversas vezes falei o nome Maria, mas não direcionado ao agressor, mas sim a minha amiga Maria”, escreveu o jovem, que marcou a amiga em sua postagem. O caso ocorreu na véspera do feriado de Corpus Christi, na última quarta-feira (14) e foi gravado pelas câmeras de segurança do estabelecimento.
Nas imagens é possível ver que a casa de show estava lotada quando, às 21h35, o advogado começa a ser agredido pelo policial. Ele leva vários socos e cotoveladas no rosto e acaba desmaiando. As pessoas próximas a agressão se afastam assustadas com o ocorrido e depois ajudaram a socorrer o jovem.
“Fiquei desacordado no chão, até que algumas pessoas me levaram para o banheiro, prestando os primeiros socorros. Após recuperar minha consciência fui questionar a equipe de segurança se já haviam expulsado o agressor, quando um dos seguranças me informam que sim e que o agressor se identificou como policial e afirmou que nada ocorreria com ele, pois além de ser um militar eu teria provocado chamando-o duas vezes de Maria (o agressor estava com a blusa do cruzeiro)”, contou Nogueira.
Militar cruzeirense agride advogado que falava com amiga de nome Maria (Foto: Reprodução)
A vítima precisou ser socorrida para um hospital da cidade com hematomas no rosto e deu pontos na boca. Segundo ele, na madrugada da quinta-feira (15), após sair do hospital ele foi até a Polícia Militar, onde denunciou o caso. “Fico indignado pois ao saber que se tratava de um cabo da Polícia Militar, uma pessoa que deveria proteger a população é o causador de uma situação que poderia terminar muito pior, tendo em vista que ele estava armado”, contou Nogueira. A polícia não confirma a patente do policial ou se ele estava armado.
“Depois de melhorar um pouco, procurei a equipe de segurança da festa, para saber se já tinham retirado o agressor. os seguranças informara que sim, e que o agressor teria se identificado como policial e que havia me agredido por te-lo chamado de maria. Neste momento foi que eu fiquei sabendo o motivo da agressão, pois até então, nem tinha visto ele na festa”, relatou Nogueira.
O advogado disse que não concorda com o xingamento que foi acusado pelo policial. É que considera Maria um xingamento machista. “Qualquer forma de desqualificar a pessoa deve ser evitada, seja no Futebol ou em qualquer lugar”, diz o jovem.
Nesta segunda-feira (19), o jovem conseguiu as imagens da câmera de segurança que mostram a agressão. Ele levou as imagens para a corregedoria da Polícia Militar e também para a Polícia Civil. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Itaúna também acompanha o caso.
Veja o relato da vítima no Facebook e as imagens da câmera de segurança:
Polícia Civil investiga o caso
A Polícia Civil, por meio da assessoria de imprensa, informou que já abriu inquérito para investigar o caso e que, ainda nesta semana, vítima e agressor devem prestar depoimento. Marco Túlio Nogueira passou por exame de corpo e delito na manhã desta terça-feira (20). Ainda segundo a polícia o inquérito foi instaurado por lesão corporal.
A Polícia Militar se pronunciou por nota da 5ª Companhia de Itaúna. Segundo a companhia, como o policial não estava em horário de trabalho o caso ficará a cargo da Polícia Civil. “A princípio, o caso será investigado pela Polícia Civil, por se tratar de crime comum. No âmbito da PMMG será instaurado um procedimento administrativo para apuração do ocorrido, observando-se os preceitos constitucionais da ampla defesa e do contraditório, conforme previsto na legislação vigente. O policial militar apontado como agressor poderá apresentar sua versão no decorrer do processo apuratório”, informa a Companhia.
Ainda segundo a Polícia Militar, ele não foi preso, porque a polícia não foi acionada na hora e por isso não dava mais flagrante. “Espero que o agressor seja punido penal e administrativamente, para que ele não volte a repetir estes atos contra outras pessoas”, conclui a vítima.
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(Fonte: O Tempo / Repórter: Natália Oliveira)