Em dificuldade financeira, prefeitura de Mariana anuncia demissões

0

Palco da tragédia da mineradora Samarco, o município de Mariana (MG) enfrenta dificuldades financeiras que levaram o prefeito, Duarte Júnior, a anunciar um pacote de medidas administrativas que inclui a demissão de funcionários. A cidade enfrenta uma contínua queda na arrecadação provocada pela combinação entre a crise econômica do país e a paralisação das atividades da Samarco.

As demissões de funcionários contratados e de servidores que ocupam cargos de livre nomeação ocorrerão inclusive nas áreas de educação e saúde. No dia 1º de maio, 8% dos funcionários contratados e 12% dos servidores que ocupam cargos de livre nomeação serão demitidos. Serão afastados primeiro trabalhadores que já recebem aposentadoria ou solteiros, para garantir a manutenção do emprego daqueles que não têm outra renda ou que precisam sustentar suas famílias. Também haverá redução dos gastos com horas extras e gratificações.

Uma das principais preocupações do município é a Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita o gasto das prefeituras com a folha de pagamento em 54% da receita. Segundo Duarte Júnior, com a queda na arrecadação, hoje o percentual em Mariana já supera 53%.

“As pessoas podem até me cobrar e me julgar por tomar estas atitudes. Mas não podem me cobrar por ter criado o problema. A situação não fui eu que criei e eu preciso buscar soluções, que muitos vezes desagrada”, disse o prefeito ao apresentar as medidas nessa terça-feira (18).

Segundo Duarte Júnior, antes de autorizar as demissões, o município adotou outras medidas, como a redução dos salários dos cargos de livre provimento e a suspensão do vale-alimentação para servidores que ganham acima de R$5 mil. No entanto, os cortes não foram suficientes.

As dificuldades de Mariana são influenciadas pela crise econômica nacional e foram agravadas com a paralisação das atividades da mineradora Samarco, devido ao rompimento de uma de suas barragens em 5 de novembro de 2015. O episódio é considerado a maior tragédia ambiental do país. Na ocasião, foram liberados no ambiente mais de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos, que devastaram a vegetação nativa, poluíram a bacia do Rio Doce, destruíram comunidades e provocaram a morte de 19 pessoas.

Para este ano, Mariana estima que terá uma arrecadação de aproximadamente R$ 240 milhões. No ano passado, a receita do município foi de R$ 275 milhões e, em 2014, de R$ 305 milhões.

Demissões e terceirização

O prefeito Duarte Júnior alega que o aumento das despesas com servidores da educação é um dos fatores que vem elevando o percentual do gasto da prefeitura com a folha de pagamento, colocando em risco o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Segundo ele, em uma recente decisão judicial, 120 servidores efetivos e alguns trabalhadores contratados obtiveram o direito a benefícios previstos no Plano de Cargos e Salários do município.

“Tenho consciência de que devemos valorizar muito o professor. É ele quem forma nossa base e merece nosso respeito e carinho. Por outro lado, tenho que entender que preciso gerir todo o município, não apenas a educação. E não posso permitir que as despesas aumentem de tal forma e nos levem a uma situação em que não conseguiremos pagar mais ninguém.”

Para a área de saúde, a prefeitura prepara duas medidas: aumentar o número de médicos da atenção primária – reduzindo a quantidade de especialistas – e demitir profissionais que não são concursados e efetivos do quadro. “Vamos tirar os médicos da nossa folha e passar para uma empresa terceirizada, em que iremos contratar a hora médica e não mais os profissionais. Então, nós contrataremos, por exemplo, mil horas de cardiologia, mil horas de pediatria, e não mais o cardiologista ou o pediatra”, explicou o prefeito.

Novas receitas

O retorno das atividades da Samarco, esperado para o segundo semestre deste ano, é a aposta da prefeitura para equilibrar as contas no curto prazo. Além disso, o município está desenvolvendo planos para diversificar as receitas e reduzir a dependência da mineração, como a criação de um distrito industrial. No começo de maio, o prefeito irá assinar um termo de cooperação técnica com a Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Indi) para realização de um estudo sobre o potencial econômico de Mariana e de seu entorno. A partir daí, a ideia é instalar na região uma empresa grande de um ramo diferente da mineração, que será responsável por atrair outros empreendimentos menores.

Outra medida que está sendo estudada é a reforma e concessão do centro de convenções da cidade para atrair eventos de grande porte.

VER PRIMEIRO

Receba as notícias do Aconteceu no Vale em primeira mão. Clique em curtir no endereço www.facebook.com/aconteceunovale ou no box abaixo:


(Fonte: Agência Brasil)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui