O Parque Estadual da Serra do Rola-Moça é um cenário de 4 mil hectares para ser contemplado e admirado, sem intervenções bruscas do homem. Entretanto, a extensa área verde, que encanta com o seu relevo acidentado, enfrenta um grande problema: o furto constante de espécies nativas da flora botânica, como orquídea, canela-de-ema, entre outras.
Para enfrentar a questão, o Governo de Minas Gerais, por meio do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e Polícia Militar do Meio Ambiente, aposta na conscientização da sociedade pela educação e informação, bem como estimulando a denúncia pelo telefone 155 para por fim a essa prática criminosa.
A unidade de conservação, localizada a 25 km do centro da capital, foi criada em 1994 e abrange parte dos municípios de Belo Horizonte, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho. Ela possui seis mananciais de captação de água para abastecimento da Região Metropolitana e recebeu 83.813 visitantes, em 2016. O parque é um divisor de água das bacias hidrográficas dos rios das Velhas e Paraopeba, afluentes do Rio São Francisco, e abriga a nascente do Ribeirão Arrudas.
É o terceiro maior parque de área urbana do Brasil e um dos 25 hotspots do mundo, que são áreas de elevada riqueza natural de biodiversidade, mas que passam por um processo de degradação. Os estudiosos definem como lugares do planeta onde a conservação de suas feições naturais se faz mais urgente, tamanha a importância e características.
Parque do Rola-Moça, criado em 1994, abrange parte dos municípios de Belo Horizonte, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho (Foto: Arquivo / Parque Estadual da Serra do Rola-Moça)
Apreensão de plantas nativas
Segundo o gerente do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, biólogo Marcus Vinicius de Freitas, o furto de espécies nativas é constante, sobretudo nessa época em que elas estão floridas e despertam mais a atenção dos interessados em adquiri-las.
Freitas alerta as pessoas a não comprarem as plantas originárias do parque, pois elas não sobreviverão fora daquele ambiente, que tem os chamados campos ferruginosos ou placas formadas somente ali. “Além do crime ambiental nesse santuário de espécies, a retirada pode ser uma profanação desse santuário”, lamenta.
De acordo com o levantamento da direção do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, no mês de março foram cinco apreensões que totalizaram 287 plantas entre orquídeas, canelas-de-ema e arnica, que é medicinal.
“Todas elas são raras, endêmicas e carregam particularidades do quadrilátero ferrífero; a canela-de-ema, por exemplo, cresce apenas um centímetro por ano”, explica o biólogo. As apreensões foram feitas após denúncias e houve colaboração entre os vigias motorizados do próprio parque e a Polícia Militar do Meio Ambiente.
Tudo o que tem sido recolhido é entregue à administração da unidade que se encarrega de replantá-las, sendo que boa parte sobrevive, outras não, por causa dos danos ocorridos na retirada.
“A sociedade tem de se conscientizar de que espécies da mata nativa — independente de ser ou não uma unidade de conservação — não podem ser retiradas do seu habitat. Acreditamos nisso e fazemos também palestras em escolas e em grupos”, observou Freitas.
Polícia alerta como age o infrator
De acordo com o tenente Renato Sena Farias, do 3º Pelotão da Companhia Independente de Polícia do Meio Ambiente, de Nova Lima, a maioria dos infratores que agem no Parque da Serra do Rola-Moça é reincidente e usuário de droga, vendendo as plantas para alimentar o vício. Quando a PM prende em flagrante, os criminosos são enquadrados na Lei de Crimes Ambientais (9.605/98).
O policial ressaltou que as operações aumentaram, assim como as apreensões, utilizando um serviço de inteligência e colaboração. “No ano passado inteiro foram presas apenas quatro pessoas, enquanto nos primeiros três meses deste ano já foram seis”, revela tenente Sena. Quando realizada a prisão é lavrado Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) e aplicada multa.
Para tenente Sena, o ideal é ficar atento a plantas bonitas e exóticas sendo comercializadas muito baratas, sem nota fiscal e armazenadas em caixas de papelão, sem o devido tratamento e embalagem que recebem nas floriculturas. Em alguns pontos já foram encontrados produtos nas margens da BR-040, Feira de Flores na avenida Carandaí e Feira do Colégio Arnaldo.
A polícia lembra que as pessoas desavisadas acham que estão comprando planta de origem lícita, mas podem ser enquadradas em crimes de receptação, por isso antes de avançar na compra deve-se perguntar se tem nota fiscal. Caso contrário e se houver evidências de que seja planta retirada de mata nativa, o caminho natural é chamar a Polícia Militar do Meio Ambiente.
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(Fonte: Agência Minas)