Uma brincadeira aparentemente inofensiva mas que pode comprometer a segurança de aeronaves e gerar reflexos nos atendimentos de urgência e emergência realizados pelos helicópteros do Corpo de Bombeiros Militar e também de outras corporações. Além dos risco em terra, soltar pipas com cerol (mistura de vidro moído e cola) pode representar um perigo também no ar.
Os exemplos são frequentes. Em julho do ano passado, uma linha de pipa com cerol ficou presa a uma pá do helicóptero Arcanjo, da 2ª Companhia do Batalhão de Operações Aéreas, com sede em Varginha, no Sul de Minas. A avaria, apesar de pequena, poderia ter “baixado” a aeronave, termo usado quando o helicóptero precisa paralisar os atendimentos para manutenção preventiva ou corretiva. Em outubro de 2015, uma linha com cerol também provocou estragos no helicóptero Pégasus do Comando de Radiopatrulhamento Aéreo da Polícia Militar.
A situação também preocupa corporações em outros Estados. Em 2013, a Infraero em parceria com a Base Aérea de Belém realizou a campanha “Troque sua pipa por uma bola” para diminuir o problema. A situação é preocupante, alerta o Capitão Thiago Miranda, piloto dos helicópteros Arcanjo. “ Uma linha com cerol, ou a linha chilena (espécie de cerol industrializado) ao se enroscar no rotor do helicóptero, apesar de leves, elas podem provocar deslocamento dessa pá e prejudicar a segurança do voo”, afirma.
O Capitão lembra que nesta época do ano é frequente a queda de pipas e linhas dentro do hangar da corporação, na Pampulha. Ele lembra que no último final de semana, uma linha com cerol de enorme extensão caiu dentro do pátio o que obrigou os militares de serviço a paralisarem as atividades por 20 minutos para a retirada do material da pista. Esse tempo é precioso quando o assunto é salvar vidas.
Os minutos gastos pelos militares para enrolar a grande quantidade de linha que poderia ter atingido um helicóptero representa o tempo gasto em voo para um atendimento por exemplo, na Serra da Moeda, Caeté, Betim ou Contagem, áreas de grande concentração de acidentes e onde o transporte aeromédico é fundamental para a socorro a vítimas graves. Felizmente, neste caso específico, não houve nenhum acionamento mas, fica aqui o alerta. “O problema é sério e só a conscientização pode ajudar a diminuir esse risco. Se todos colaborarem, quem ganha é a própria população”, diz o Capitão Thiago.
Crime
O uso do cerol é considerado crime penal capitulado nos artigos 129, 132 e 278 do Código Penal Brasileiro, além do artigo 37 da Lei das Contravenções Penais. Em caso do uso do cerol por crianças ou adolescentes, estes podem ser apreendidos e encaminhados às autoridades competentes. Já o adulto que fizer uso do cerol será conduzido, junto ao material, até a autoridade judiciária, podendo até mesmo ser preso. Em Minas Gerais, a Lei Estadual nº 14.349 de 2002 prevê multa para os infratores, ficando esses sujeitos também a sanções cíveis e penais.
Dicas dos Bombeiros
– Solte pipas em locais abertos, preferencialmente em parques
– Não use linha chilena ou cerol
– Não solte pipas perto de aeroportos
– Não solte pipas em dias nublados e de chuva
– Dê preferência a pipas sem rabiolas pois é esta a parte que mais se prende á aeronave
– Não faça pipas com papel laminado
Linha com cerol chegou a danificar helicóptero em Varginha (Divulgação)
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(Fonte: Corpo de Bombeiros)