A noite do último dia 7 de dezembro de 2016 era para ser especial na vida da cozinheira Elisângela Souza, pois era a formatura de sua filha mais velha. Em vez de diploma, fotos e comemoração, a noite foi marcada pelo vazio e a tristeza que se tornou habitual na casa dela nos últimos tempos. A filha, Caroline Souza, que acabou de completar o Ensino Médio na cidade de Resplendor, abriu mão de participar da própria formatura pelo mesmo motivo que vem deixando de manter diversos tipos de convívio social: a jovem de 18 anos tem vergonha do próprio corpo.
“Minha filha nasceu com 5,900 kg e sempre esteve acima do peso, assim como eu. Sempre foi uma pessoa amorosa, conversava com todos, mas de uns anos para cá ela foi se fechando por timidez, vergonha do corpo. Dói saber que ela não foi à formatura, não terá fotos pra se lembrar desse momento. É muito difícil ver tudo isso e não conseguir fazer nada”, emociona-se a mãe.
Não é a primeira vez que a garota falta a um compromisso importante. Pesando 167 quilos, Caroline também deixou de fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por medo de se expor, adiando o sonho de ser professora. Elisângela conta que há cerca de três anos, ela própria e os filhos, Caroline e Cristian, passaram por diversos médicos e nutricionistas na esperança de perder peso, tentando todo tipo de dieta. Sem sucesso na redução do peso e passando pela turbulência da adolescência, a jovem de 18 anos desenvolveu depressão.
“Tanto a Caroline, como o Cristian, parece que se fecharam num mundo só deles. Meu filho ainda trabalha com o avô em meio período, mas quando chega em casa só fica fechado no quarto. Já a Caroline conversa muito comigo, mas os dois mal saem de casa, não possuem convívio normal com pessoas da idade deles; eu fico muito preocupada”, confessa Elisângela.
A enfermeira Luciana Paula é prima da garota e há anos acompanha o sofrimento da família, motivo pelo qual ela tem auxiliado a buscar soluções para enfrentar o problema. Para isso, ajudou a mãe e os dois filhos a buscarem informações para passarem pela cirurgia de redução de estômago. A primeira a passar por consulta foi Caroline, mas os resultados dos exames não trouxeram boas notícias.
“A Carol estava com o índice de massa corporal (IMC) em 65, quando o ideal para a cirurgia é dentro da casa dos 40. Ela precisaria perder 30 quilos para poder fazer a cirurgia, mas dissemos que ela já tentou e não consegue emagrecer. O médico disse que a única opção para ela no momento é fazer uma cirurgia para colocar um balão gástrico”, conta a enfermeira.
Campanha
Por esse motivo, no fim de novembro Luciana ajudou a confeccionar carnês de uma rifa para arrecadar os R$ 15 mil necessários para a cirurgia de Caroline. Até o momento, a família não sabe quanto já foi vendido, pois não fizeram o balanço, mas dizem que muitas pessoas se voluntariaram para vender os bilhetes. Nas redes sociais, a família também tem divulgado conta bancária para quem quiser fazer doações.
“Nós estamos torcendo para que essa ação seja vitoriosa e a gente consiga levantar essa quantia, porque ela merece”, afirma a prima. Já a mãe Elisângela sonha em voltar a ver a filha sorrir. “Ela tem muitos sonhos, quero que ela deixe de ter vergonha e possa realizá-los”, conclui.
É possível ajudar na campanha pelos telefones (33) 9 9947-8327 ou (33) 9 9956-9641.
Prima e mãe de jovem com obesidade mórbida fazem rifa para levantar recursos para cirurgia (Foto: Mylena Paula / Arquivo Pessoal / Reprodução G1 dos Vales)
(Fonte: G1 dos Vales)