Vale do Rio Doce passa pela pior estiagem dos últimos 70 anos

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Encontro em Valadares apontou gravidade da situação. Esta foi a 2ª reunião da Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos.

A 2ª reunião da Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos foi realizada em Governador Valadares, no Leste de Minas Gerais, na tarde desta quarta-feira (27). Uma representante da Companhia de Pesquisas em Recursos Minerais (CPRM) e Serviço Geológico do Brasil apresentou dados do monitoramento das vazões da bacia do Rio Doce, no período de seca.

Na ocasião, a engenheira da CPRM Elizabeth Guelman Davis ressaltou a gravidade da situação atual da bacia. “Numa análise feita pela CPRM, avaliando uma estação no alto do Rio Doce, a estação de Porto Firme, onde fica localizada a nascente do Rio Doce, que tem 70 anos de idade, se nós pegarmos os dados, tanto de chuva, quanto de vazão, nós estamos em uma das piores estiagens desde 1944”, ressaltou.

Além de Elizabeth Guelman, também participaram da reunião, conselheiros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce) e representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM). Esta foi a segunda reunião da Câmara de Gestão de Eventos Críticos do CBH-Doce.

“Estamos em uma das piores estiagens desde 1944”, diz engenheira da CPRM (Foto: Diego Souza/G1)

Estiagem

A meteorologista do IGAM, Paula Pereira de Souza, falou sobre a previsão climática para os meses de setembro, outubro e novembro em Minas Gerais. Segundo Paula, a expectativa é de que os próximos meses registrem precipitações dentro da média histórica, o que não amenizaria a situação da escassez na região. “Mesmo com a precipitação dentro do esperado, as chuvas não serão suficientes. Porque a gente já vem de dois períodos chuvosos abaixo do normal”, diz Paula.

Para o mês de setembro, no Vale do Rio Doce, a expectativa é de precipitações entre 20 e 60mm; no mês de outubro, entre 80 e 140 e no mês de novembro, entre 125 e 250 mm. “Na verdade, o importante é o que vai acontecer entre novembro e janeiro, que são os meses mais importantes do período chuvoso. Se nesses meses a chuva for abaixo do normal, a gente vai agravar muito essa situação da escassez que já vem ocorrendo nos últimos anos.”, explicou Paula.

Cianobactérias

O objetivo do encontro foi colocar em pauta assuntos relacionados ao período de estiagem e à questão das cianobactérias. “O papel do comitê é articular os atores para garantir a gestão da água em qualidade e quantidade. Então, a competência dessa câmara é discutir e estabelecer diretrizes para a gestão de recursos hídricos relacionados à escassez, cheias e também relacionados à questão das cianobactérias. Nesse momento, o que nós estamos tentando é levantar informações”, explicou a presidente da CTGEC e membro da Diretoria Colegiada do CBH-Doce, Lucinha Teixeira.

Segundo o analista da ANA, Ney Murtha, este é um período com situações propícias à floração de cianobactérias, com a baixa vazão, turbidez da água e alta luminosidade. “A nossa grande preocupação agora é prevenir e minimizar os impactos dessas baixas vazões e de uma possível proliferação de cianobactérias no fim do período seco.”

Ainda segundo o analista da ANA, a orientação é que se cumpra a portaria do Ministério da Saúde em relação ao monitoramento do manancial e da água tratada, a curto prazo. “A gente está recomendando uma articulação mais próxima com o setor de saúde, porque é uma questão que envolve a saúde pública e, no médio e longo prazo, a gente está incentivando os serviços de água a buscar mananciais e tecnologias capazes de remover as cianotoxinas da água tratada”.

Solicitação

Ao final do encontro foi definido que uma solicitação será enviada aos prestadores de serviço de abastecimento da região, para que sejam conhecidas as realidades locais de cada município da bacia, no que diz respeito à escassez e à floração de cianobactérias. Também foi solicitado aos municípios que comuniquem ao Comitê possíveis situações de conflito pelo uso da água. Representantes das Secretarias de Saúde também serão contatados para o monitoramento da qualidade da água. (G1)

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