Órgão estadual começa a monitorar cigarrinha do milho

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A praga transmitida pelo inseto vetor cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), conhecida como “enfezamento do milho”, é causada por bactérias que se reproduzem nos vasos condutores da seiva dificultando a absorção de nutrientes. Identificada recentemente em Minas, a doença acomete exclusivamente a cultura do milho.

Neste mês, agricultores do Triângulo Mineiro e do Noroeste do estado notificaram o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), sobre a existência da cigarrinha. Os órgãos estaduais começaram a monitorar as plantações dessas regiões e demais áreas onde se cultiva o cereal. A ação, inédita no estado, irá identificar os locais de ocorrência da praga, possibilitando atividades de controle e, contribuindo, ainda, para que o produtor rural não tenha eventuais prejuízos econômicos.

Engenheiro agrônomo e fiscal do IMA, Airton Bezerra reforça que o instituto já começou os trabalhos de monitoramento do vetor nas plantações de milho no estado. Reuniões on-line preparam os fiscais da Gerência de Defesa Sanitária Vegetal (GDV) para as devidas ações. “É uma praga nova em Minas, mas o trabalho acontece com técnicas específicas e com suporte da tecnologia e inovação de nossos servidores”, destaca.

O fiscal diz que, de acordo com pesquisadores, a população de cigarrinha aumentou nas plantações devido ao uso intensivo de variedades de milho resistentes a outras pragas, como a lagarta, um predador natural. “Com isso, a população de cigarrinha, que sempre existiu, começou a aumentar. O enfezamento do milho no estado tem que ser monitorado para impedir danos futuros”, alerta Bezerra.

Enfezamento

O termo “enfezamento” se justifica pela redução da altura das plantas e pela má formação das espigas, cujos grãos se tornam chochos. Com o ataque da praga, o milho também apresenta poucos grãos em virtude do comprometimento das raízes. “O enfezamento pálido é causado por spiroplasma, que tem por consequência o amarelecimento nas folhas do milho. Já o enfezamento vermelho é causado por fitoplasma, que deixa as folhas do milho avermelhadas”, explica.

Agricultores de todo o estado devem estar atentos e seguir o exemplo das regiões Triângulo Mineiro e Noroeste, que imediatamente notificaram o Estado. Caso sejam observados amarelamento ou vermelhidão nas folhas do milho, o produtor deve procurar o responsável técnico da lavoura e informar o escritório do IMA em sua região.

Amostragem

Diante das demandas do IMA e de outros órgãos estaduais de defesa sanitária vegetal do Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tem coordenado reuniões nacionais para pensar em soluções. Entre as tratativas está a amostragem dos materiais, que deve ser feita em duas etapas: a da cigarrinha do milho e a coleta de folhas da planta para envio ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária. O objetivo é mapear todas as áreas de produção de milho do país.

“Temos informações da ocorrência da cigarrinha do milho no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, estados onde seus produtores observaram a praga pela primeira vez há mais tempo e já fazem monitoramento e manejos adequados. Em Minas, essa é a primeira vez que algumas plantações de milho apresentam o surgimento da praga”, reforça Bezerra.

O fiscal do IMA destaca que a praga não prejudica a comercialização entre os estados nem a exportação do milho. Até o momento, não existe legislação estadual nem federal para a doença. O responsável técnico da fazenda deve adotar as recomendações de pesquisadores. “Muitas cooperativas e grandes produtores têm colocado seu corpo técnico em busca de soluções para o problema, como a utilização correta de produtos e a eliminação das plantas voluntárias. A redução de danos deve ser feita empregando medidas integradas e preventivas de manejo, que começam na colheita da safra anterior”, informa.

Manejo

As orientações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) são a  eliminação do milho tiguera ou da planta voluntária, o tratamento das sementes com inseticidas, a diversificação e o rotacionamento de cultivares de milho, além da sincronização máxima na época da semeadura. O planejamento dos plantios, evitando a implantação de novas lavouras próximas às mais antigas, também é recomendado.  

Do ponto de vista do consumidor de milho e da Saúde Pública, a praga não apresenta perigos. “O que pode ocorrer é uma diminuição de produtividade da lavoura, prejuízos econômicos para o produtor e consequente elevação dos preços para a cadeia produtiva”, completa Airton Bezerra.

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