Cafeicultores devem enfrentar quebra na produção em 2021

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O ano de 2021 começou em clima de tensão para a cafeicultura brasileira. A redução na safra deve ser muito pior do que em outros anos de bienalidade negativa. Na cultura do café, especialmente o da espécie arábica, é normal uma colheita maior em um ano, seguida de outra menos produtiva, pela própria característica da planta. Mas as condições climáticas adversas, com muito calor e falta de chuvas na época da florada, em outubro passado, já acendiam o alerta de que desta vez as perdas seriam maiores.

Depois de quinze dias seguidos sem chuvas em janeiro, quando ocorre o enchimento dos grãos, a preocupação cresceu ainda mais, principalmente no Sul de Minas, a maior região produtora do café arábica. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa é de quebra de 43% na safra de café no estado, que detém cerca de metade da produção nacional.

Além disso, os grãos que não caíram devido à falta de água ainda devem ter desenvolvimento menor, com impacto direto na qualidade final da bebida, de acordo com o gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG) em Guaxupé, Willem de Araújo. “O déficit hídrico no ano passado causou abortamento das flores e, em janeiro, na fase de enchimento dos frutos, os poucos que tinham vingado caíram, porque tivemos 15 dias sem chuva. E seria justamente o período em que os frutos precisariam de água para crescer”, explica.

Entraves

Além da expectativa de rendimento bem menor nas lavouras, os cafeicultores enfrentam outro drama este ano. Nos últimos meses, com as cotações em alta, o número de contratos futuros aumentou muito. Ou seja, os produtores já negociaram o café que ainda nem se desenvolveu. E agora, com os problemas do clima, vão precisar encontrar estratégias para entregar o produto aos compradores. A colheita começa em abril.

“Vai ficar difícil para o produtor honrar os compromissos. Vai ter um volume menor e os grãos também não estarão num bom padrão. Então, pra compensar, teriam que entregar uma quantidade maior. Vai ser um ano muito complicado pra cafeicultura”, diz Willem de Araújo.

Acompanhamento

O gerente da Emater-MG em Guaxupé, uma das maiores regiões produtoras de café de Minas, conta que os técnicos da empresa estão em constante contato com os produtores, para orientar nas medidas de enfrentamento desta crise. Willem de Araújo cita como uma das alternativas o chamado “crédito consciente”, com utilização bem planejada dos recursos.

“Estamos discutindo com os cafeicultores para buscar alguma alternativa de financiamento, para comercializar numa época melhor. Quem puder ter seguro também é bom investir nisso. E, como sempre, alertamos que é preciso atenção para a qualidade do produto, porque pode alcançar um preço melhor no mercado e compensar o volume menor de produção”, aconselha o gerente da Emater-MG.

Para amenizar a situação dos cafeicultores, o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) aumentou, em novembro de 2020, de R$ 10 milhões para R$ 160 milhões os recursos disponíveis para recuperação de lavouras afetadas por seca e chuvas de granizo, que atingiram algumas regiões, em 2020.

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