Roubo de flores raras causa dano em parque mineiro

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A floração de orquídeas está ameaçada no Parque Estadual da Serra do Rola Moça e entorno por causa do roubo de mudas silvestres. Este tipo de dano à unidade de conservação tem se repetido semanalmente, segundo a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda). Neste mês de março, a gerência do parque e a Polícia Militar de Meio Ambiente contabilizam centenas de mudas arrancadas para venda irregular. Outras espécies também são roubadas.

“São espécies nativas, raras, que não podem ser coletadas. Infelizmente a gente tem um índice alto de coleta de espécies botânicas, principalmente as que podem ser comercializadas como orquídeas, canela-de-ema, arnica – que é medicinal – e bromélias”, disse o gerente do parque Marcus Vinícius de Freitas, enquanto analisava três boletins de ocorrência, nos quais constava o registro de cerca de 230 mudas que foram recuperadas.

De acordo com Freitas, a orquídea Sophronitis caulescens é uma das mais cobiçadas. A canela-de-ema Vellozia sp. – que cresce um centímetro por ano – também é frequentemente arrancada. Ele ressalta que são espécies endêmicas, que só ocorrem e se adaptam ao local.

Roubo de flores raras causa dano ao Parque do Rola Moça (Foto: Reprodução/G1 Minas)

Há um trabalho de fiscalização da área, que tem 4,6 mil hectares, com o objetivo de inibir a prática e punir os suspeitos dos saques. Ainda em março, a polícia apreendeu ao menos outras 240 mudas nas áreas do parque e entorno. Neste dia, 15 de março, duas pessoas que haviam arrancado as plantas foram conduzidas para a delegacia. No dia seguinte, outras três pelo mesmo crime.

De acordo com a polícia ambiental, quem for pego nesta situação também é multado e, como a área é protegida, a Lei dos Crimes Ambientais prevê uma pena de até cinco anos de reclusão. Contudo, conforme alerta o gerente do parque, enquanto o processo corre, os suspeitos acabam reincidindo na prática. “São capturados, recebem multa e são liberados. Há pessoas que já foram pegas mais de 20 vezes”, comentou.

Os órgãos pedem que haja participação da população no entorno. A polícia ambiental orienta que as pessoas não comprem plantas nativas de procedência duvidosa, que exijam a nota fiscal do vendedor e o certificado de registro junto ao IEF. E que, além disso, denunciem vendedores irregulares pelo telefone 181. O preço abaixo do mercado e o comportamento do vendedor irregular – que geralmente mantém o produto muito escondido e só mostra no ato da compra – podem levantar suspeitas.

O Parque Estadual da Serra do Rola Moça abrange as cidades de Belo Horizonte, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho e está situado numa zona de transição de cerrado para mata atlântica. É rico em campos ferruginosos, onde as orquídeas ocorrem. De acordo com Instituto Estadual de Florestas (IEF), nele também são encontradas espécies como candeias, jacarandá, cedro e jequitibá.

A superintendente da Amda, Dalce Ricas, alerta que a retirada das plantas, algumas consideradas ameaçadas, empobrece a vegetação e causa impactos à fauna, principalmente às espécies que delas dependem, como aquelas polinizadoras. As plantas apreendidas são replantadas pelos funcionários do Parque Rola Moça, mas, como tiveram as raízes arrancadas da rocha, muitas não resistem.

A associação também tem registro de saques na Estação Ecológica de Fechos, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e na Serra da Calçada, que fica ao lado da Serra do Rola Moça. Este tipo de destruição ou dano, segundo a Amda, ainda é crime punível com detenção de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente, conforme a Lei Federal nº 11.428/06.

Canela-de-ema é uma das espécies arrancadas (Foto: Divulgação/Parque da Serra do Rola Moça)

Apreensão de orquídeas retiradas da Serra do Rola Moça (Foto: Divulgação/PM)

Orquídeas apreendidas na Estação Ecológica de Fechos (Foto: Divulgação/Amda)

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(Fonte: G1 Minas / Flávia Cristini)

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