Atividade escolar com linguagem regional gera polêmica entre pais de alunos em Coronel Fabriciano

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Pais de alunos do 4º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Professor Francisco Letro, em Coronel Fabriciano, reclamam de uma tarefa aplicada em sala de aula na quinta-feira (25/08). Segundo eles, o texto tinha um conteúdo obsceno e de duplo sentido.

A atividade reproduzia a frase “Quando quebrei o ovo tive um baita susto: magina ocê que tinha um pinto dentro!!!!? Agora cê já pensô seu cuzinho [sic] cum pinto dentro??” Os alunos tinham que reescrever o trecho em linguagem culta.

A direção da escola nega que tenha havido maldade e disse que a atividade pretendia estudar o regionalismo linguístico. A Secretaria de Educação disse que fará uma reunião com os pais pra esclarecer a situação e evitar novos constrangimentos.

O motorista Márcio de Souza disse que não deixou que a filha de nove anos fizesse o dever e achou o conteúdo abusivo e impróprio.

“Tenho três filhos, sendo duas crianças. Esses meninos de hoje são muito espertos e elas sempre me fazem perguntas que não respondo, por não achar que têm idade para isso. Daí ela vem da escola com um dever de casa completamente obsceno. Eles erraram ao aplicar essa atividade para alunos de 9 anos”, afirma.

Márcio conta que a própria filha já tinha percebido a “maldade” na atividade e chegou em casa questionando o exercício. “Os alunos perceberam o ocorrido. Ela já chegou mostrando a folha e me pedindo para ler os dois últimos parágrafos”, diz.

A mãe de outro aluno, que não quis se identificar, disse que esteve na escola na manhã dessa sexta-feira (26) pedindo explicações, e a instituição informou que vai apurar o ocorrido. “Essa escola é referência em Fabriciano, como eles deixaram passar despercebido algo tão grave como isso?”, questiona.

O que diz a escola

Em nota, a instituição informou que a atividade “Causo mineiro” foi pensada pelas professoras como um gênero textual que atendia o conteúdo em questão.

“Ressaltamos que não se trata de uma atividade avaliativa, e sim de uma atividade trabalhada em sala de aula com a mediação dos professores, cujo objetivos era de transformar a linguagem coloquial para a linguagem formal, além da valorização e o respeito da linguagem popular/diversidade. A atividade proposta transcorreu tranquilamente em sala de aula, pois os alunos e os professores não levaram em consideração a maldade por duplo sentido criada por outras pessoas”, diz a nota.

O que diz a SEE

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Educação informou que uma equipe de inspeção da Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Coronel Fabriciano, responsável pela coordenação da escola, esteve na unidade de ensino na manhã de sexta-feira (26), para apurar a situação.

“A equipe da SRE se reuniu com a direção da escola, coordenadores, supervisores e professores. Em respeito aos estudantes, às famílias e à comunidade escolar, também será realizada, nos próximos dias, uma reunião com os pais para esclarecimentos acerca da situação, em que será discutida também o alinhamento das atividades pedagógicas, a fim de evitar novos constrangimentos”, encerrou a nota.

Texto gera polêmica em Coronel Fabriciano (Divulgação)

Outro caso

Em abril de 2015, durante uma aula na escola municipal Jaime Avelar de Lima, em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, os estudantes de cerca de 10 anos receberam um poema erótico como atividade escolar.

Na ocasião, a vice-diretora da escola, substituindo a professora de português que havia faltado naquele dia, teria imprimido o poema “Ciuminho básico”, que encontrou na internet e teria passado para os alunos. À mãe de um estudante, ela contou que não havia lido o texto antes de passar para a turma. Ninguém da direção da escola foi encontrado para comentar o caso.

A repercussão foi tanta que a Prefeitura de Santa Luzia instaurou um processo administrativo disciplinar para apurar as responsabilidades do ocorrido.

(Fonte: G1 dos Vales / O Tempo)

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