Pela primeira vez, a cidade mais populosa do Vale do Rio Doce, com cerca de 300 mil moradores, poderá escolher o chefe do Executivo municipal no segundo turno de uma eleição. O universo de eleitores em Governador Valadares ultrapassou neste ano 200 mil pessoas, requisito para que o pleito seja decidido no último domingo de outubro próximo, caso nenhum candidato consiga mais de 50% dos votos válidos no primeiro domingo. Em Minas, essa possibilidade só poderá ocorrer em oito das 853 cidades.
Mas não é só por isso que o pleito de 2016 terá um aperitivo a mais no município que homenageia a memória de Benedito Valadares (1892-1973), o governador que lançou Juscelino Kubitschek (1902-1976) na política e o nomeou prefeito de Belo Horizonte. O cenário político está indefinido na cidade, devido, sobretudo, à Operação Mar de Lama, que reúne Polícia Federal, Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Polícia Militar e Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.
A força-tarefa investiga uma rede de corrupção tanto na prefeitura quanto na Câmara Municipal. Diante de provas robustas, os investigadores já colocaram 16 pessoas atrás das grades desde abril, quando foi deflagrada a primeira das cinco fases da operação. Entre detidos e investigados, há líderes políticos que, até então, eram cotados para disputar uma das duas cadeiras do Executivo (prefeito ou vice) ou uma das 21 poltronas do Legislativo.
Cinco vereadores e dois ex-secretários municipais estão atrás das grades desde maio. A atual prefeita, Elisa Costa (PT), está no segundo mandato e não poderá ser reconduzida ao cargo. Em 2012, ela recebeu a confiança de 46.543 eleitores, o que representou 32,29% dos votos válidos. Naquele ano, a cidade não teve segundo turno porque contava com 196.299 eleitores. O número subiu para 203.794 em maio passado, segundo o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) divulgou no último balanço.
O número definitivo sairá em julho. Parte do aumento do número de eleitores se deve aos valadarenses que retornaram dos Estados Unidos, devido à crise financeira que assolou a América, como moradores da região se referem à terra do Tio Sam. A quebra em setembro de 2015 do banco de investimentos Lehman Brothers, que era uma das maiores instituições financeiras do planeta, forçou muita gente a retornar do exterior, sobretudo a partir de 2011. Vários valadarenses só regularizaram a situação junto ao TRE a partir de 2012. Diante disso, estão aptos a votar na eleição municipal deste ano. Três candidatos despontam na boca dos moradores como favoritos à disputa em outubro.
Concorrência
O PT, que não pode lançar a atual prefeita, deve apostar as fichas no deputado federal Leonardo Monteiro. No PSDB, o nome para concorrer à sucessão de Elisa deve ser o do empresário André Merlo, ex-subsecretário de Agronegócio da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas. O tucano foi candidato à prefeitura em 2012, quando era filiado ao PDT. Merlo obteve 37.041 votos (25,70% do total). O PMDB, por sua vez, está entre Edvaldo Soares, empresário e presidente do Esporte Clube Democrata, e Renato Fraga, presidente do diretório municipal e ex-secretário municipal de Saúde tanto em Valadares quanto em Ipatinga, no Vale do Aço. Já o PEN lançou a pré-candidatura do manifestante popular Ricardo Pedrosa. As convenções partidárias que vão escolher os candidatos, segundo a legislação eleitoral, devem ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto.
Rodada dupla
Municípios mineiros aptos a ter segundo turno nas eleições deste ano
Cidade Eleitorado (até maio de 2016
Belo Horizonte 1.927.942
Uberlândia 478.395
Contagem 457.054
Juiz de Fora 395.502
Betim 278.325
Montes Claros 262.567
Uberaba 224.905
Governador Valadares 203.794
(Fonte: Estado de Minas / Repórter: Paulo Henrique Lobato)