Desinformação contribui para diagnóstico tardio de câncer

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O medo e a desinformação são as principais causas de atraso no diagnóstico de câncer de mama entre as mulheres. A advertência é do cirurgião e mastologista Thadeu Rezende Provenza, superintendente da Associação de Prevenção do Câncer na Mulher (Asprecam), que participou, nesta terça-feira (24/5/16), de audiência pública conjunta das Comissões de Participação Popular e Extraordinária das Mulheres da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais. De acordo com a instituição, o câncer de mama é o segundo de maior incidência de tumores e o de maior mortalidade entre o público feminino.

A presidente do Conselho da Mulher Empreendedora da Aciapi-CDL de Ipatinga (Vale do Aço), Maria Zilda Machado Torres, que também participou da reunião, disse que apenas 40% das mulheres negras e pobres realizam o autoexame, enquanto a prática é exercida, em 80% dos casos, por mulheres brancas e de curso superior. “Muitas mulheres carente nem sabem que têm o direito de fazer a mamografia gratuita pelo SUS ou não conhecem bem o seu corpo”, lamentou.

Provenza explicou que a soma de três métodos consegue aumentar em 80% o diagnóstico precoce, que contribui para a cura da doença. São eles o autoexame, a mamografia e o exame clínico por um médico especialista. Provenza lamentou que muitas mulheres não realizam o exame mensal de toque nas mamas e médicos ainda não se mobilizam para tentar rastrear a doença precocemente. “É um equívoco achar que apenas a mamografia é suficiente para detectar o câncer; 70% dos casos diagnosticados por mamografia são de tumores de 2 centímetros ou mais. Os exames de toque podem apontar problemas mais precocemente”, ensinou.

A presidente da Comissão Extraordinária das Mulheres, deputada Rosângela Reis (Pros), alertou para o crescimento de casos deste câncer em todo o mundo e no Brasil. “A cada 24 segundos uma mulher é diagnosticada com câncer de mama, e a cada 68 segundos uma morre em decorrência da doença no mundo”, afirmou.

De acordo com a parlamentar, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que este ano sejam diagnosticados 57, 9 mil novos casos no Brasil. “A detecção precoce é ganhar vida ou tempo de vida com qualidade”, disse Rosângela Reis que exaltou o trabalho de organizações do terceiro setor que se dedicam a ajudar quem enfrenta o problema. A presidente da Comissão de Participação Popular, deputada Marília Campos (PT), defendeu a importância da participação da sociedade na discussão de políticas públicas voltadas à prevenção do câncer de mama.

Médico, o deputado Doutor Jean Freire (PT) relatou casos de pacientes que tratou e afirmou que a mama tem uma simbologia forte não apenas para a mulher. É pelo órgão que o filho tem o primeiro contato com a mãe e também está ligada à afetividade. “É importante que as políticas públicas vão onde as pessoas estão”, ressaltou ao lembrar a dificuldade de acesso aos exames para os moradores do interior.

Exemplo – A representante do Grupo de Apoio Toque de Amor, Cristiane Bittencourt, fez um relato de sua experiência. Ela foi diagnosticada com câncer de mama em 2011 e, agora, está curada. Cristiane não precisou retirar toda a mama e foi submetida à quimioterapia e radioterapia. “O câncer de mama não é sentença de morte, desde que descoberto no início”, reforçou.

A presidente do Conselho Estadual de Direitos da Pessoa com Deficiência (Conped), Kátia Ferraz, criticou que as políticas de prevenção não consideram as mulheres cadeirantes. Segundo ela, os mamógrafos foram feitos para pessoas em pé e não têm altura suficiente para realizar o exame nessas mulheres.

Mamamiga – Durante a audiência pública, o médico Thadeu Provenza explicou o trabalho realizado pela Asprecam, uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo auxiliar o Sistema Único de Saúde (SUS) na prevenção do câncer de mama. A instituição criou um modelo didático (um seio de silicone, que simula as glândulas mamárias) para simular as principais alterações que podem ser percebidas durante o autoexame.

O objeto é usado para capacitar profissionais de saúde e mulheres para o exame de toque. Segundo Provenza, existem cerca de 23 mil modelos espalhados pelas redes públicas e privada no Brasil.

A Asprecam, que surgiu há 33 anos quando ainda nem havia o SUS, também realiza outros projetos que visam capacitação profissional, pesquisa epidemiológica, manutenção de banco de dados e mobilização social em vários municípios mineiros. Para tal, mantém parceria com os programas públicos de Saúde da Família. Em Belo Horizonte, o trabalho mantido pela instituição permitiu, em quatro anos, um aumento de 80% dos casos tratados na fase inicial. “Mais de 600 mil mulheres já foram beneficiadas pelo trabalho da Asprecam”, afirmou o médico.

(Fonte: ALMG)

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