Por algumas horas, a passagem do símbolo olímpico interrompeu a rotina na histórica cidade de Ouro Preto nesta sexta-feira (13/5). Entre estudantes, comerciantes e turistas desavisados, todos pararam para assistir, com olhos atentos e curiosos, o revezamento do fogo olímpico pelas ruas tortuosas e ladeiras íngremes da antiga capital de Minas Gerais.
Da janela posicionada em frente à Praça Tiradentes, Maria da Conceição Zacarias, 76 anos, acompanhava desde cedo a incomum movimentação de pessoas, veículos e materiais. Ansiosa, a ouro-pretana a todo momento espiava pela janela na expectativa de ver o comboio olímpico. “Nunca teve isso aqui, é a primeira vez”, disse, com toda a simplicidade que lhe é peculiar.
Depois alguns minutos, Maria da Conceição espichou o pescoço e avistou um alvoroço em uma das ruas que dá acesso à praça. A ouro-pretana esboçou um sorriso e esfregou levemente as mãos. “Lá vem a tocha”, disse, sem esconder a felicidade. Ela estava certa. O símbolo olímpico surgia das ladeiras de Ouro Preto para ser aplaudido por uma multidão e por uma satisfeita Maria da Conceição.
A ouro-pretana foi testemunha ocular de um momento histórico para a cidade. Da janela do velho casarão, ela ainda presenciou o ritual do Beijo da Tocha que, em frente ao Museu dos Inconfidentes, transmitiu a chama olímpica para a última condutora da cidade, a judoca tetracampeã brasileira e tricampeã dos Jogos Escolares de Minas Gerais (Jemg), Gabrielle Dias, de 16 anos.
Sob o olhar de Aleijadinho
Em uma das pontas da feira de Ouro Preto – no local são vendidos os mais diversos artigos em pedra sabão – fica a barraca do Gabriel Mata, 30 anos. O local, ponto de venda de xícaras, vasos e quadros, virou uma arquibancada improvisada onde os curiosos disputavam espaço para ter a melhor visão da passagem da Tocha em frente à Igreja São Francisco de Assis.
“É legal porque vai passar dentro de Ouro Preto e bem pertinho da feira”, disse o artesão, que é fã de esportes, sobretudo de futebol. De sua barraca, Gabriel assistiu ao rito do Beijo da Tocha que, desta vez, transmitiu a chama olímpica para a blogueira de moda Cris Guerra, que prosseguiu com o revezamento pelas ruas de pedra.
A Igreja São Francisco de Assis é considerada uma das obras primas do mestre Aleijadinho. A parte interna do templo foi esculpida, talhada e adornada por Aleijadinho, maior referência em arte barroca no país. O templo é conhecido por sua beleza e bom gosto, com grande riqueza de detalhes.
Itabirito em festa
A Tocha foi recebida na cidade de Itabirito ao som da fanfarra da Escola Municipal Laura Queiroz, que executou o hino do município em frente ao Alto Forno, símbolo turístico da cidade construído em 1.888. O ex-jogador de futebol Silvestre, que participou do jogo inaugural do Mineirão, em 1965, teve a honra de ser o primeiro condutor da Tocha no município.
O itabiritense conduziu a Tocha até as proximidades da Praça São Cristovão, onde um grupo de motoqueiros, ciclistas e jovens atletas já estavam a postos para saudar a chama olímpica. Depois Itabirito, o símbolo olímpico partiu em direção a Inhotim, em Brumadinho, considerado o maior museu de arte contemporânea ao ar livre do mundo.
Galeria de Fotos
(Agência Minas – Fotos: Marcelo Sant’Anna/Imprensa MG)