A linguagem origina-se em primeiro lugar como meio de comunicação entre a criança e as pessoas que a rodeiam. Só depois, convertido em linguagem interna, transforma-se em função mental interna que fornece os meios fundamentais ao pensamento da criança, segundo VYGOTSKY.
Ainda que bebê, a criança compreende o tom de voz, a expressão corporal e as interações em geral. Não só compreende como se apropria do exemplo que seguirá, mais à frente. Quando desperdiçamos a oportunidade de conversar com a criança, deixamos o caminho aberto para interpretações errôneas com relação, principalmente, ao nosso sentimento por ela.
É preciso, portanto, compreender que a criança espera de nós, o alicerce para que sua comunicação seja eficiente e eficaz no futuro.
Muitos adultos são eficientes no diálogo: gritam, impõem a ordem, diz o tempo todo para que a criança “cale a boca” e não abre o diálogo. A criança então compreende que deve se fechar e passará uma imagem que o “diálogo” foi eficaz. Ou seja, que funcionou o método e o resultado foi alcançado.
Porém, o que ocorreu, de fato, foi a inexistência de diálogo e sim um monólogo em que somente o adulto disse e a criança temendo reprimenda calou-se. Mas mais tarde, todas as dúvidas que permaneceram na criança voltaram com mais intensidade e a reação será a mesma: gritos e sem diálogo.
Diálogo existe quando há interação. Quando somente um fala e o outro ouve não há eficácia. Os resultados são camuflados. Pensa-se que houve êxito mas houve, na verdade, um silenciamento.
Ana Teberosky, especialista em Psicologia da Educação reforça que quando o adulto conversa normalmente com as crianças, permite que desenvolvam habilidades de argumentação e construção de frases mais complexas, para além da resposta imediata a uma questão. O diálogo com a criança deve ser rico em vocabulário. Os especialistas defendem que, quanto maior a variedade de modos de interação, maior a gama de estruturas gramaticais e vocábulos aos quais a pessoa tem acesso e mais possibilidades de compreender a estrutura da língua. Ao ouvir uma palavra que não conhecem – o adjetivo “orgulhoso”, por exemplo -, os pequenos podem perguntar: “O que quer dizer orgulhoso?”. Esse processo de compreender o que já sabem, identificar o que ainda não sabem e questionar o adulto é fundamental.
O resultado deste processo poderemos perceber quando a criança vai se desenvolvendo e se utiliza do diálogo para solucionar questões do dia a dia. Basta perceber se a criança “se fecha” em seu próprio mundo ou tem liberdade de questionar, iniciar uma conversa ou ainda, ter capacidade de argumentação.
Um criança obediente por ter sido educada com eficácia. Quando os métodos utilizados fizeram-na quieta e calada.
Uma criança bem educada, que argumenta com respeito, questiona sem medo e, sobretudo, compreende que o diálogo é a essência da comunicação, certamente foi educada com eficácia.
Estarmos atentos ao melhor método nos levará aos resultados almejados que trarão satisfação tanto para a criança, quanto para a família e sociedade.
O diálogo sempre será mais eficiente porque a criança aprenderá que este é o melhor método a ser utilizado e será eficaz porque todos os envolvidos alcançarão os resultados desejados.
Quem é Marli Andrade?
Marli Andrade é Psicanalista e Psicopedagoga, Doutoranda em Psicologia Social pela Universidade Argentina John Kennedy em Buenos Aires, defendendo a tese: “A influência da subjetividade nas interações profissionais”.
Autora de Literatura Infantojuvenil com o propósito de contribuir para que as crianças cresçam com equilíbrio emocional, autoestima e habilidades para interações intra e interpessoal tranquila e eficiente.
Escritora do livro “Primeiro você sonha, depois você dorme”, catalogado pela Câmara Nacional do Livro, sob o catálogo sistemático: Autoconhecimento, Comportamento social, Conduta de vida, Equilíbrio (Psicologia), Inconsciente, Realização pessoal, Relações interpessoais, Sonhos e Sucesso profissional.
Atua com palestras e treinamentos em instituições públicas e privadas, disponibilizando técnicas para que cada participante possa construir suas próprias estratégias para a gestão intra e interpessoal.
Psicanalista e Psicopedagoga
Doutoranda em Psicologia Social
Autora de Literatura Infanto Juvenil
Site: www.marliandrade.com.br