A misticidade do sertão norte-mineiro invade o Centro Cultural Hermes de Paula, em Montes Claros, na próxima semana. O local recebe a exposição do artista plástico, mestre da Marujada e filho da terra, Cleyton Cruz, que, em tela, traz as “Cores do Sertão”, nome usado por ele para intitular o conjunto das obras. A abertura oficial acontece neste sábado (23). A mostra fica no local até o dia 30 de abril.
Segundo Cleyton, a intenção é usar das fitas coloridas, da mistura entre negros, índios e brancos para retratar as realidades e cores da região. “O tempo todo, em minhas telas, faço alusão às Festas de Agosto, às etnias que participam dela. Não vejo retratação melhor para a realidade do nosso sertão. Essas cores representam quem somos. Em simbiose, formam a cultura do sertanejo”, diz o artista.
As cores vibrantes são a grande aposta do artista. Ele explica que são as colorações a maior identidade de Montes Claros. “Por sermos do sertão, ficamos muito tempo isolados, sem influência do que era considerado moderno. Tudo era trago pelos tropeiros. É na cor da terra, do sol, do pequi que nos identificamos. É a marca do sertão e das minhas obras”, afirma.
Nos quadros, a retratação do homem sertanejo. Imagens de mestres Catopês, Marujos e Caboclinhos representam a união de três trópicos de culturas diferentes, que se unem nas ruas da cidade para celebrar o mês de agosto. O pequi, amarelo, forte como o sol, para Cleyton, é a representação do Norte de Minas.
Sobre a importância da representatividade, Cleyton vê os quadros como um registro que contará a história para as próximas gerações. “O homem sertanejo, na figura dos Catopês, sofrido que resiste as adversidades, por ser muitas vezes marginalizado pela sociedade, quase sempre é encontrado em minhas obras. Como mestre da Marujada, eu vivencio essa cultura, essa mistura, sobretudo nas Festas de Agosto. É algo que vem de família, que nem se sabe com quem começou”, conta.
A intenção principal, de acordo com o artista, é a de realizar um resgate cultural e incentivar que as pessoas valorizem as riquezas da terra. “Acho que é um registro histórico importante. Vemos que ano após ano, vai diminuindo o interesse da população pela cultura local. Estamos muito mercantilizados, na ótica do consumo, e as coisas culturais vão se afastando. É tão vivo e tão bonito que precisa ser preservado. Então é uma forma de trazer a população para um resgate”, argumenta.
A exposição “Cores do Sertão” tem entrada franca e acontece até o próximo sábado (30). Mais informações podem ser encontradas no próprio Centro Cultural Hermes de Paula, ou pelo telefone (38) 3229-3458.
Quadro de Cleyton Cruz retrata Catopês e cultura local (Foto: Cleyton Cruz/Arquivo pessoal)
(Fonte: G1 Grande Minas)