Festas preservam a cultura indígena durante todo o ano em Minas Gerais

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Xacriabá, Pataxó, Maxacali, Krenak, Kaxixó, Pankararú, Xucuru-Kariri ou Mukurim, independente da tribo aldeada em Minas Gerais, todas possuem objetivos em comum: a luta constante para manter vivos sua cultura, costumes, língua, e, principalmente, o território. Celebrar o Dia do Índio, comemorado todo dia 19 de abril, é fundamental para reafirmarmos a importância desses povos, conforme propõe Hilário Corrêa Franco, representante da Associação Indígena Xakriabá. “Que esse dia não seja apenas de comemoração, mas de reflexão. É um momento das comunidades se unirem em prol das resoluções dos conflitos que vivenciamos diariamente, uma época de buscar reconhecimento e, principalmente, respeito”.

A Secretaria de Estado de Cultura (SEC) lançou um em 2015 o Edital de Premiação das Festas Tradicionais das Comunidades Indígenas e Grupos Tribais. O resultado dessa política pública está sendo colhido durante todo este ano de 2016, quando as festas tradicionais desses povos, repletas de danças e jogos, estão sendo realizadas.

Cacique da aldeia Gerú Tucunã Pataxó, localizada em Açucena, região do Vale do Rio Doce, José Terêncio Braz, de 56 anos, assume o valor de tal realização. “Esse prêmio do Governo é fundamental para o reconhecimento do território e da cultura do nosso povo. O edital As pessoas se esquecem dos povos indígenas mineiros, lembram apenas das tribos do Norte do país. Antes não tínhamos onde buscar ajuda para realizar as nossas festas, então o edital veio na hora certa. Através dessas festividades, temos como objetivo ensinar as crianças e jovens sobre os nossos costumes e lutas”.

Secretaria de Cultura de Minas Gerais lançou um edital para premiar as festas tradicionais das comunidades indígenas e grupos tribais (Foto: Divulgação / SEC)

Conheça algumas das festas tradicionais indígenas:

A Aldeia Xucuru Kariri, localizada em Caldas, Sul de Minas, aproveita a data para apresentar um costume que vem desde os seus antepassados. O Toré é um ritual sagrado que envolve cantos e dança em círculo ao som de instrumentos musicais, como chocalhos e maracás. Além disso, o público pode participar de brincadeiras, bate-papo e um almoço.

Outra aldeia que também comemora a data é a Sede Pataxó, situada em Carmésia, no Vale do Rio Doce. Entre os dias 22 e 23 de abril eles praticam o Awê Heruê Niamissun, que mescla língua, músicas, danças, jogos e brincadeiras da cultura milenar Pataxó.

Na Aldeia Geru Tocaná Pataxó tudo começa com um café da manhã especial. A programação, realizada no dia 19 de abril, segue com apresentações de dança, conversas sobre o objetivo da data comemorativa, jogos de arco e flecha, brincadeira do bambu e ritual com pai da mata.

No mesmo dia danças e roda de conversa dão o tom da festa promovida pela comunidade Maxakali da Aldeia Verde, do município de Ladainha, no Vale do Mucuri. Com cerca de 400 indígenas, a comunidade irá realizar o Apné Yxux kaok, onde familiares de tribos mais distantes são recebidos para a cerimônia na “Kuxex”, casa de religião da aldeia.

A Aldeia Morro Vermelho – Xakriabá, localizada em São João das Missões, na região Norte, aproveita a proximidade com o final de semana, 22 de abril, para fazer apresentações de danças e jogos com o público. A comunidade indígena volta a festejar em maio, quando um grupo de 50 famílias indígenas celebra uma década de retomada das terras com festejo tradicional.

Na mesma localidade, a Aldeia Tenda/Rancharia, também Xakriabá, promove o resgate de manifestações culturais tradicionais pelos seus jovens indígenas. Cantigas de roda, batuque e produção de artesanatos com cerâmicas recheiam o evento, que ainda não tem data confirmada.

Na mesma região, entre os dias 15 e 19 de abril a Aldeia Barreiro Preto tem programação diversificada. Em busca de refletir sobre a constante luta enfrentada pelos índios, haverá pautas de discussões, apresentações de arco e flecha, corrida com maracá na mão, danças religiosas e oficinas, sempre referenciando à memória e aos costumes.

A Aldeia Indígena Kaxixó, de Martinho Campos, no Centro-Oeste de Minas, usou o prêmio da Secretaria de Estado de Cultura para promover o Festival de Pequi, no início do mês de abril, plantando o fruto e fazendo o seu preparo com frango e arroz. Para o Dia do Índio, a programação começa às 8h e conta com brincadeiras, jogos, apresentação de danças e concurso de comidas típicas.

Na Aldeia Pataxó Imbiruçu o ritual é realizado durante o período de colheitas, no Centro Cultural Mongongá, em Carmésia, e representa o comprometimento da comunidade com a preservação do meio ambiente, já que o povo Pataxó é conhecido como o povo das águas. A chamada Festa das Águas é realizada no dia 5 de outubro na região do Vale do Rio Doce.

Em dezembro, a sustentabilidade volta a ser o tema de festas indígenas, desta vez promovida pelo povo Pankararu-Pataxó, da Aldeia Cinta Vermelha. O festejo pretende preservar tradições, especialmente a reprodução de práticas sustentáveis, permacultura e bem viver nas terras. No evento é ressaltada a importância de viveiros de plantas medicinais, o fortalecimento de escolas e as tradições que envolvem as cerimônias, como casamentos e batizados. A festa acontece no mês de dezembro em Araçuaí, região do Jequitinhonha.

Mais sobre o edital

Ano passado, a Secretaria de Estado de Cultura lançou um edital para premiar as festas tradicionais das comunidades indígenas e grupos tribais. Doze prêmios, no valor de R$ 15 mil cada, foram entregues aos residentes de sete territórios de desenvolvimento do Estado: Sul, Oeste, Mucuri, Metropolitana, Vale do Aço, Médio e Baixo Jequitinhonha. O resultado do edital é celebrado pela Superintendente de Interiorização e Ação Cultural do Estado, Manuella Machado. “Essa comemoração é de grande importância simbólica. É um momento de valorização e difusão do nosso patrimônio imaterial, da forma de criar, viver e se expressar das comunidades indígenas”.

(Agência Minas)

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