OMS divulga pesquisa de professor da Unimontes sobre efeitos de farinhas com ácido fólico em embriões

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Uma análise sobre o enriquecimento de farinha de trigo e de milho com ácido fólico – obrigatório no Brasil desde 2004 – e sua eficácia na prevenção de anormalidades do tubo neural, que é a estrutura do embrião que dá origem ao sistema nervoso. E ao mesmo tempo, investigar a incidência de anormalidades no Brasil antes e após a implantação da Política de Fortificação destas farinhas estabelecida pelo Ministério da Saúde.

Estes são os objetivos do estudo científico do professor Humberto Gabriel Rodrigues, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), publicado no boletim da Organização Mundial da Saúde (OMS) – número 1, volume 94, janeiro 2016 (www.who.int). Este é a primeira pesquisa a observar a efetividade da medida em nível nacional. Os estudos foram financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O professor realizou a pesquisa “Prevenção de Defeitos do Tubo Neural pela Fortificação de Farinhas com Ácido Fólico: um Estudo Retrospectivo de Base Populacional no Brasil” foi realizada como parte do doutoramento em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (UnB).

Humberto Gabriel integra o corpo docente dos Departamentos de Fisiopatologia e de Biologia Geral e desenvolveu a pesquisa com colaboração da professora doutora Maria Pacheco (UnB), do consultor epidemiológico do Ministério da Saúde, doutor Roberto Lecca, e do consultor da Organização Pan-Americana da Saúde, doutor Juan José Cortez Escalante. O professor de Estatística, doutor Mauro Niskier Sanchez, da UnB, também participa dos trabalhos.

O que diz a pesquisa

Os defeitos do tubo neural (DTNs) incluem má formação conhecida como a anencefalia e a espinha bífida. O ácido fólico ou vitamina B9 é descrita na literatura como importante para o bom desenvolvimento do sistema nervoso e prevenção dessas anomalias/defeitos. Os DTNs estão entre as mais importantes causas congênitas de morbidade e mortalidade infantil. Ocorrem em 300 mil recém-nascidos a cada ano em todo o mundo. As crianças com DTN podem apresentar paraplegia, bexiga neurogênica, infecções urinárias, insuficiência renal e hidrocefalia.

O pesquisador explica que os resultados da pesquisa mostram que a introdução da fortificação obrigatória das farinhas com ferro e ácido fólico no Brasil resultou numa redução de prevalência significativa de defeitos do tubo neural. Foram analisados 12.556.701 registros de nascidos vivos e 142.915 registros de óbitos fetais.

“Os resultados mostraram que a média de DTNs foi de 0,79 para cada 1 mil nascimentos no período 2001- 2004 e 0,54/1.000 nascimentos no período 2005-2014, evidenciando um declínio de 31,6% no número de casos de DTNs após a fortificação obrigatória”, justifica. Dessa forma, acrescenta o pesquisador, “os resultados de prevalência de DTNs indicam a efetividade da política de fortificação obrigatória de farinhas de trigo e milho com ácido fólico”.

Contribuição

Para o pesquisador, os estudos contribuem de forma significativa para a literatura nacional e internacional já que poucos países têm publicado estudos sobre a efetividade da fortificação de alimentos na prevenção de defeitos do tubo neural.

“A pesquisa possibilita, dentre outros pontos positivos, subsidiar melhorias nas políticas públicas para prevenção de defeitos do tubo neural no Brasil e também em outros países”, finalizou.

O trabalho, publicado originalmente em inglês está disponível no link da Organização Mundial da Saúde (World Health Organization) www.who.int/bulletin/volumes/94/1/14-151365.pdf.

Professor Humberto Gabriel Rodrigues (Foto: Divulgação / Unimontes)

(Fonte: Portal Unimontes)

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