Família do Leste de Minas acredita ser parente de ‘Clarinha’

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As pessoas que têm procurado Hospital da Polícia Militar (HPM) e o Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES) por acreditarem que são parentes de Clarinha, a mulher que está em coma há 15 anos e não tem identificação, estão passando por uma triagem. Mas nem todas farão exame de DNA. A previsão do MP é que esse procedimento comece a ser feito em fevereiro.

Clarinha, como é chamada pela equipe médica, foi atropelada no Dia dos Namorados, em 12 de junho de 2000, no Centro de Vitória. O local e o veículo que atropelou a mulher não são exatos, segundo a polícia. Ela teve traumatismo craniano, foi socorrida por uma ambulância e chegou ao hospital já desacordada e sem nenhum documento.

Até esta quinta-feira (21), o Ministério Público recebeu 92 ligações em busca de informações e a Promotoria de Justiça recebeu três famílias, sendo duas de São Paulo e uma de Minas Gerais.

Segundo o Ministério Público, as histórias de todas as famílias estão sendo ouvidas e apuradas. As que mais se aproximarem com as informações sobre Clarinha, conhecidas até agora, farão exame de DNA.

Do universo de pessoas que procuraram a Promotoria de Justiça Cível de Cidadania de Vitória, 16 casos chamam mais a atenção, seja pela semelhança das fotos apresentadas, seja pela similaridade dos dados. Esses casos terão prioridade na realização dos exames de DNA.

A realização dos exames será gratuita para todos que passarem pela triagem, não importando de qual estado seja a pessoa, desde que tenha a disponibilidade de vir ao Espírito Santo para a realização do teste.

As pessoas que tiverem alguma pista da identidade da Clarinha devem procurar o MP-ES por meio do Promotoria de Justiça localizada no Centro Integrado de Cidadania (Casa do Cidadão) na avenida Maruípe, 2.544, Bloco B, Itararé/ES – Vitória.

Mulher não identificada vive em coma há 15 anos (Foto: Esther Radaelli / TV Gazeta)

Família de Minas foi até o hospital

Nesta quarta-feira (20), uma família de Minas Gerais chegou ao hospital. Eles disseram que têm uma familiar desaparecida desde 1999, e acreditam que Clarinha possa ser essa pessoa.

A doméstica Carina Morais disse que a irmã sumiu após sair da cidade de Ipanema, em Minas Gerais, dizendo que venderia roupas. Ela saiu de casa sem nenhum documento e deixando dois filhos para trás.

“É muito parecida. A gente está com esperança que seja ela. Todo mundo achou muito parecida”, disse Carina.

Buscas

O médico tenente-coronel Jorge Potratz, que cuida da paciente, disse que desde o primeiro momento tentou buscar a identidade da jovem.

“Sempre me preocupei em procurar identificá-la e dar um destino familiar mais adequado. Nunca deixei de fazer as coisas que pudessem esclarecer sua história”, disse.

Ele explicou que o hospital tentou localizar familiares de Clarinha através do trabalho das assistentes sociais e do Núcleo de Pessoas Desaparecidas (Nuped) da Polícia Civil do estado.

Sem sucesso, alguns anos depois a equipe médica tentou aposentar Clarinha pelo INSS. Assim, ela poderia ser transferida para um asilo ou casa de repouso. Mas, como a paciente não tinha nenhum documento, não foi possível tal procedimento.

Em 2006, a Polícia Civil tentou tirar as impressões digitais de Clarinha, mas a tentativa também foi em vão. “Por causa das consequências do acidente, a Clarinha perdeu os movimentos das mãos e por isso ficam fechadinhas. O atrito entre os dedos desgastaram a pele e se perdeu a rugosidade. Certa vez, comprei bolinhas para atividades, usamos por 30 dias, mas foi em vão”, explicou Potratz.

Papiloscopistas da Polícia Federal estiveram no Hospital da Polícia Militar (HPM), nesta quarta-feira (20), para tentar coletar as impressões digitais de Clarinha. Mas, como as condições da pele dela dificultaram a coleta, foi sugerido um tratamento para recuperar as digitais.

Coma

A equipe considera o coma da paciente elevado. “A gente classifica o coma em uma escala de três a quinze pontos. Quinze é o paciente acordado e lúcido e três é o coma mais profundo. Ela não tem nenhum contato com a gente e por isso a gente considera um coma de sete para oito”, explicou o médico.

Por causa do trauma, Clarinha tem algumas reações, mas não tem interação efetiva de consciência.

“Ela esboça movimentos involuntários. Se estimulamos dor ela é capaz de sentir e tenta se movimentar. Clarinha também percebe sons. Se a chamamos pelo nome ou fazemos algum barulho, ela tem movimentação no sentido do local”, explicou Potratz.

O médico disse que a paciente não precisa de nenhum tipo de aparelhagem para se manter viva.

“Clarinha nunca precisou de oxigênio para respirar, nunca teve nenhum tipo de infecção, mas se alimenta por sonda porque não tem condições de deglutição. Ela tem perfeitas condições de sair do hospital com segurança e sem riscos. Obviamente, que o local será bem preparado e vai receber orientações e adequações para que essa realidade aconteça”, disse.

Médico Jorge Potratz cuida de Clarinha há 15 anos (Foto: Reprodução / TV Gazeta)

(Fonte: TV Gazeta / G1)

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