Com a chegada do período de chuvas, que compreende os primeiros três meses do ano, é preciso ficar atendo a uma doença muito comum nesta época: a leptospirose. Para se ter uma ideia, entre 2011 e 2015 o número de amostras reagentes analisadas pelo Serviço de Doenças Bacterianas e Fúngicas da Fundação Ezequiel Dias (Funed) foi 103% maior no primeiro trimestre do ano, se comparado ao último trimestre do ano anterior, explica o responsável técnico pelos diagnósticos, Max Assunção Corria.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), foram registrados no estado, em 2014 e 2015, 220 casos de leptospirose e 19 óbitos, apresentando a letalidade de 11,5%. Durante as enchentes, a urina de roedores, presente nos esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama. Qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama pode infectar-se.
A doença é causada por uma bactéria chamada Leptospira e está presente também na urina de outros animais como bois, porcos, cavalos, cabras, ovelhas e cães. Estes animais também podem adoecer e, eventualmente, transmitir a leptospirose ao homem. As Leptospiras penetram no corpo pela pele, principalmente por arranhões ou ferimentos, e também pela pele íntegra, imersa por longos períodos na água ou lama contaminada.
Os sintomas clássicos da doença são febre, calafrios, mialgia generalizada, cefaleia, dor retro orbital, podendo ser acompanhados de complicações renais, hemorrágicas, cardíacas, respiratórias, oculares, entre outras.
Dedicação
A equipe do Serviço de Doenças Bacterianas e Fúngicas do Instituto Octávio Magalhães da Funed, Laboratório Central de Minas Gerais (Lacen/MG), vem se dedicando há mais de uma década na avaliação e desenvolvimento de métodos para aumentar a chance do diagnóstico laboratorial da leptospirose em Minas Gerais.
Em 2015, a Funed passou a oferecer a cultura de Leptospira para casos em que há suspeita clínica e epidemiológica da doença. Amostras de sangue de todo o estado podem ser coletadas e encaminhadas para a Funed.
A cultura de Leptospira sp. é extremamente importante na identificação dos sorovares (diferentes tipos de Leptospiras) envolvidos em surtos ou epidemias, ou mesmo que circulam em determinada região. Com a aplicação do método, a Funed contribui para melhorar a compreensão da relação agente-hospedeiro e distribuição da Leptospira sp. no estado.
“Esperamos que esta contribuição venha pautar as medidas de prevenção e controle, assim como futuros protocolos para o diagnóstico laboratorial e o correto tratamento da doença”, relata a diretora do Instituto Octávio Magalhães da Funed, Marluce Assunção Oliveira.
A diretora destaca ainda que o Lacen-MG é o único laboratório público no Brasil a oferecer simultaneamente diferentes métodos para o diagnóstico da leptospirose como: ELISA-IgM, Teste de Microaglutinação (MAT), cultura de Leptospira e Reação em Cadeia da Polimerase (PCR).
Prevenção e controle
De forma geral as principais medidas de prevenção e controle da doença são controle da população de roedores, redução do risco de exposição às águas e lama de enchentes, medidas de proteção individual para trabalhadores ou indivíduos expostos a situação de risco, como o uso de luvas e botas; conservação adequada de água e alimentos; armazenamento e destinação adequados do lixo. (Agência Minas)